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Contos-->A Casa do Diabo -- 27/09/2001 - 19:12 (Marcelo Finavaro Aniche) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Antes de começar o conto, quero adverir-los de todas as reações que ele pode provocar. Um conto de terror e suspense, que pode não agradar a todos os leitores... advertidos espero que continuem...
Atenciosamente,
Autor Marcelo Aniche



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- “Eu fui para o inferno... e agora estou no inferno da terra, não é tão diferente ou malvado... sei de muito mas falo de pouco... Vi o Diabo... o Demônio em pessoa... concordo que de começo não acreditei, mas logo o medo me tomou por inteiro... fiquei atônito...
Tenho medo de falar, ou simplesmente escrever sobre tal... mas como, independente de minha vontade, irei morrer...
Antes de tudo, tenho de avisar-lhes que a pessoa que ler isso, talvez, seja perseguido, ou condenado pela eternidade... peço-lhes que me desculpem por tal... mas se irei padecer iminentemente, quero retribuir, se condenar com o medo seja uma retribuição, com o meu feito...
Como não quero identificar-me e nem quero prejudicar famílias, não usarei nomes, e como não quero que saibam se fui eu quem dei as ordens ou as recebi, vou contar-lhes, sim, mas em terceira pessoa... sei de tudo pois o Diabo contou-me tudo... preferiria nunca tê-lo ouvido... preferiria nunca ter feito o que fiz...
Ainda tenho remorso e medo do mesmo... éramos em sete... agora resta um... apenas um... um condenado a morrer... a padecer, independente de sua escolha...”
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Um pequeno grupo de ladrões, especialistas em assaltar casa e outros, um dia sonhou alto, tão alto que não existia a possibilidade de erro... sonhou tão alto que seus olhos pulavam e seu coração saltava somente por pensar na casa, no roubo...
O roubo era uma mansão, não abandonada, pois sempre estava limpa, bem arrumada, com o jardim bem feito, e ao olhar pelas janelas... jóias, castiçais de ouro, pérolas e colares à mostra e outros objetos que faziam os olhos mais árduos cobiçarem, parecia pecado de apenas admira-las.
Tão logo, alguns poucos integrantes do grupo vigiaram a casa por um certo números de dias, e nada, ninguém sequer aproximara-se da casa... jardineiros ou faxineiros não eram vistos nem pelas proximidades... deram maior tempo, e o maior tempo resultou em nada... ninguém...
- Assalto rápido e efetivo... – decidiu por fim o chefe do grupo em frente de tais argumentos – entramos, roubamos e saímos... simples e rápido...
Ninguém discordara, pois tantos objetos, e tantos olhos, mas ninguém para guardá-los, vigia-los, ou ao menos esconde-los de tais olhos... a cobiça tomara conta do grupo. A cobiça para os objetos poderiam valer, para eles, a suas vidas ou a de um companheiro...
Em pouco tempo iriam agir, alguns já comemoravam com: mulheres, bebidas e comidas... mas, por estranho, um preocupado de fazer o roubo da mansão, mas com a idéia fixa de rouba-la, rezava...
Ao meio da noite do mesmo dia, prepararam-se para agir, saíram às escuras e misturaram-se a elas. Não faziam barulho ou chamavam atenção, pareciam não respirar... apenas andavam escondidos entre as árvores, latas e alguns pareciam se esconder atrás das poucas nuvens negras...
Dois, ordenados pelo chefe, abriram a porta sem chamar atenção, verificaram se havia alarmes ou pessoas na casa... nem alarmes ou pessoas. Nada, ninguém para proteger tais peças tão valiosas, em segundos todos já estavam dentro da casa, e cuidadosamente fecharam a porta...
“O roubo perfeito !” – todos pensavam, pegando uma peça cada nas mãos e exclamando de alegria e luxúria infindável...
Mas no escuro, de repente... a lareira que havia na sala ascendeu-se fortemente, sem que ninguém notara...
- Quem foi ? – perguntou o chefe predominante.
Todos silenciaram e entreolharam-se... ninguém havia o feito, mesmo porque, haveria de chamara atenção de outras pessoas... !
Segundos depois, uma cadeira ao centro da sala, uma cadeira de balanço bem envernizada, com partes de prata pura e esmeraldas com alguns desenhos bem definidos de ouro, começou a movimentar-se... movia-se lentamente...
O fogo aumentava lentamente, um fogo descomunal formara-se, um fogo infernal aparecia na frente de todos, e a cadeira de balanço tornara-se um pouco mais agitada, enquanto uma risada, velha e sarcástica, pairava no ar...
O medo se apossara de todos, mas para os mesmos, os objetos de tal valor valiam a pena... valiam suas próprias vidas...
Um velho, segurando uma batina de rubis e esmeraldas apareceu ao meio da cadeira, ele quem a balançara... seus dentes, alguns dentes não existiam, mas os poucos que haviam eram como facas afiadas... sua cor passara do negro da noite para o branco do leite e vice-versa... sempre lentamente...
Seu olhar... seus olhos eram todos branco, com um pequeno ponto negro no meio... não piscava... não era possível saber se tinha pálpebra...
Aonde quer que estivessem, aqueles olhos estavam a segui-los severamente... não deixava de observá-los...
E sua risada recomeçava, mas não movia a boca, apenas deixava meio aberta, mostrando todos os seus dentes afiados à vista...
O chefe desconfiado de tal aberração, mandou um de seus homens para uma sala ao lado, verificar se não passara de um truque, ou uma brincadeira para espantá-los.
O homem voltou minutos depois... “não há nada lá” – disse. Se referia aquela figura medonha, que balançava a cadeira e encarava-os e ria sarcasticamente...
Alguns, por um medo forte, decidiram ir para a outra sala... logo todos estavam a concordar e moviam-se para lá.
Chegaram na outra sala, e lá... lá estava ele encarando-os com seus olhos... seus corações gelaram de pânico... o chefe novamente mandou um de seus homens para a sala anterior, para provar que o velho poderia ter pego uma passagem secreta ou algo assim...
Minutos depois, ouviram um grito de pavor e um vidro sendo espatifado... o grito vinha da sala anterior, aonde um homem acabara de ir...
Todos os outros foram para a sala anterior estava lá, e sua risada, assim como o fogo, estava maior, mais forte e mais satânica...
A janela quebrada reconstituía-se minuciosamente...
Um outro homem foi a janela, quando já estava refeita, e olhou para fora... nada além do jardim e da lua, que estava em um vermelho forte, um vermelho escuro, como sangue...
- Um já foi... faltam seis... – disse o velho sem mover a boca.
O chefe pegou uma de suas armas, que quase nunca usara e atirou... não foi ouvido o som da arma e nem da bala... a arma havia sumido... a arma de todos... !
- Truques... já vi mágicos que faziam melhor... – disse o chefe para acalmar os outros, ele ainda estava confiante de si mesmo – cada um vá para uma sala e roubem o que quiser... e se esse monstro vier impedir... – e deixou a frase por completar...
O Diabo nada fazia, apenas balançava a cadeira, deixava a boca meio aberta e observava-os com seus olhos.
Os homens obedeceram, estavam tão aflito que não conseguiam pensar... obedeceram cegamente... Ao entrar em cada sala, havia um Diabo... que os seguia com o olhar... cada um parava em uma sala e enchia, aos estremeces de medo, os sacos com as jóias...
A completar todas as salas, ouviram um enorme estrondo... todas as portas, que separavam as salas, fecharam... trancadas com as forças do inferno...
Todos temiam por isso... mas ninguém fez nada para evitar... as poucos abriam os olhos...
A grande lua cor de sangue pairava um pouco acima da janela... a lareira tinha uma fogo infindável... e o Diabo a observá-los...
O Diabo parecia observar todos os movimentos de cada um, mesmo em salas diferentes... escolhia uma certa ordem... notava que alguns mediam esforços em vão para abrir as portas... ou tentavam soca-lo... não iria mata-los, iria fazê-los suicidarem-se...

Ao primeiro preferiu ir gradualmente... o pobre homem que estava sentado ao chão, pensando sobre o que deveria fazer para sair vivo, ou o que aconteceria com ele...
O Diabo sabia de tudo o que se passava com todos... tão logo teve uma idéia... uma idéia maligna...
De repente, a sala ficou escura... a luz da lua não passava da janela... a luz da lareira não seguia caminho... tudo estava escuro, ao mais estranho que pareça... passos começaram a rondar... em alguns lados pareciam batalhões... em outro ouvia-se um rastejo...
E o pobre homem que nada via... apenas ouvia e sentia foi tomado pelo medo... de repente... mãos... unhas... tentáculos... pêlos de animais irreconhecíveis... patas... presas...
Tudo subia-lhe o corpo... não via nada... sentia um cheiro fétido a cada passo, em seu corpo, próximo da cabeça... entravam em todos os lugares... rastejavam por meio dos dedos... por entre os cabelos... não sabia o que era apenas os sentia...
Não resistiu... pulou ao fogo da lareira e viu... não era nada... era apenas os seus temores pregando-lhe uma peça... morreu dolorosamente, porém rápido...
- Dois já foram... faltam cinco... – disse para todos sem mover a boca, e já escolhendo a próxima vítima.

Ao segundo o Diabo não fez quase nada ao homem... o próprio homem se fez, se prejudicou... era um homem indigente que tinha claustrofobia...
Para o homem o local se tornara miúdo... com o passar dos segundos, o local tornara-se cada vez menor e menor... faltava-lhe ar... o Diabo fez com que a janela parecesse amena, calma e livre...
A sala se transformara em um cubículo... o homem já não respirava a minutos... pulou da janela... e morreu... o Diabo cuidou para que morresse ao seu melhor modo...
- Três já foram... faltam quatro... – falou a todos, observando seus atos e seus medos, tão logo notara a perspicácia de uns, como a audácia de outros... com seus olhos fixos a eles, mas sem aparentar respirar ou “viver” já preparava um local no inferno para cada um...

A sua terceira escolha, durou para padecer... o Diabo observava-o, tentava ler sua mente, saber seus medos... nada...
“Inacreditável !” – pensava o Diabo – “Alguém sem medos...”
Mas logo pensou que o medo não é a única forma de atingir alguma pessoa... e sim, mostrar como a mesma é... seja pela sua covardia, seja pela sua coragem...
- Faremos um trato... – começou o Diabo, que já mudara de cor, e dizia apenas para aquele homem escolhido - ...se você vencer, estará livre por mais alguns anos e tardara mais a chegar ao inferno... se perder... !
E deu uma risada, que atordoava a cada ser que ouvia...
- Aceito... e aviso-lhe que perdera... – disse o homem convencido de si mesmo.
Tão logo disse isso, como apareceu alguém idêntico a ele, à sua frente. E logo o Diabo começou a falar:
- Este é o seu mal... toda sua raiva cravada apenas nele... – deu uma pausa de desprezo e alegria - ...e o que sobrara a você é sua bondade... seu bem...
O homem desprevenido de tal jogo, tentara comprovar se o Diabo dizia a verdade... por seu temor era verdade... não tinha qualquer raiva, remorso... não tinha mais a coragem...
Contudo, poderia bater... mas não conseguia... a cada soco que levava de seu próprio mal, se tornara em ódio, e voltava para o próprio mal...
Não levara dois socos, e já pedira para parar... morrera lentamente pelo seu próprio ódio... porém a dor matara seu lado bom... morrera como um cão abandonado pela sua força de viver...
- Quatro já foram... faltam três... – e ao dizer isso, já tinha em mente quem levar e como levar...

A quarta vítima estava calma, e de certa forma cansada... era o homem mais velho de todo o grupo... a idade já lhe caía as costas... o Diabo, esperto, aproveitou seu cansaço e medo para fazer-lhe dormir rapidamente, assim o faria ter tanto medo que acabaria com a própria vida...
O velho “acordara” em um local escuro, mas havia uma pequena luz no fundo do túnel aonde estava... correu para lá o mais rápido que podia... cada vez seus passos aumentavam de ritmo, mas de repente... o velho parou bruscamente... um trem vinha em sua direção... o trem vermelho vivo na ponta vinha a toda velocidade... o velho ao mais rápido que podia não resistiu por muito tempo... foi pego pelo trem...
O velho “acordara” novamente... estava em cima de um prédio, e em sua beirada... atrás dele havia um gigantesco urso, que se aproximava lentamente... o homem, tentava em vão, passar sorrateiramente pelo urso, mas a cada respiração mais forçada do homem, o urso rugia, quase fazendo-o cair... o urso não parava, apenas andava fortemente, a cada passo o homem tremia de medo... e o urso chegara a alguns passos... rugia ferozmente... parecia faminto...
Não resistiu... pulou... a caída foi rápida e dolorosa... sentia o vento corta-lhe a cara enquanto caía freneticamente...
“Acordara” mais uma vez... estava nas mãos do Diabo... mas era apenas um bebê indefeso... o velho, não olhava-o... apenas aproximava-o de sua boca... o bebê tentava sair, mas sua força era tão pouca, que não conseguiria matar um simples inseto... o Diabo abeirava-o para perto de seus afiados dentes... o bebê cada vez mais desesperado, não agüentou tal fragilidade, e chorou fortemente... o Diabo então o jogou, sem mover um dedo, o bebê ao fogo...
O senhor agora acordara, todo suado... ainda achava que estava dormindo... não gostaria de morrer como estava morrendo... se jogou ao fogo, pois quando o primeiro havia se jogado pela janela, não havia nem marcas pelo jardim... queimou rapidamente...
- Cinco já foram... faltam dois... – disse o Diabo, observando seriamente os últimos dois... vez sua escolha.

O Diabo havia ajudado nas mortes de todos, utilizando o medo, covardia, fragilidade, surpresa... mas não utilizara os sentimentos puros, tal como o amor, a bondade...
Já enfatizado de tais mortes violentas... preferiu liberar a sua vítima de sofrer... pois já iria sofrer depois...
O homem escolhido, olhava secamente para os olhos do Diabo, que o retribuía com o mesmo olhar... mas rapidamente o Diabo virara para a lareira e voltava a secar o homem... ele, por sua vez, virara para a lareira e vira nela sua família...
Mãe, pai, irmão... todos sendo queimados... torturados... enforcados... mas clamavam a uma só voz, fraca e sofredora, o seu nome... sim, pediam clemência ao chamar-lhe... suplicavam-lhe ajuda...
Ele chorara, e chorando se jogou ao fogo eterno... que o recebera sem dor... o Diabo liberara-o disso, pois ver as pessoas amadas sofrerem é a pior dor que existe...
- Seis já foram... faltam um... – disse o Diabo....

O Diabo observava o último homem... observava cada passo... observava a bolsa vazia, na qual de todos haviam dinheiro e jóias... observava o olhar sincero e simplório do homem...
- Vá... ! – respondeu o Diabo.
- Por que deixara eu ir, sendo que matou todos os outros... ? – indagou o homem, em um ato de loucura.
- Há pessoas que não importa o que façam... vão para o céu, pois elas depois clamam ao “outro” por um perdão... – respondeu o Diabo enojado.
- Quer dizer que irei ao céu... ? – perguntou o homem, com uma alegria infindável – Mesmo se você me matar... eu irei aos céus ?
- Não disse isso... mas interprete como quiser... – disse o Diabo, e continuou a completar sem mover a boca... assim como já vinha feito - ...mas como penitência você deverá pagar o que lhe rogo... viverá muito... viverá por gerações e gerações... mas enquanto viver ninguém lhe estenderá a mão... ninguém lhe dará ajuda e sim a dor... passará no inferno, mas pela terra... AGORA VÁ !
O homem obedeceu... não saiu alegre nem triste... porém pensativo... tentará se suicidar milhares de vezes... mas o Diabo não o deixava morrer tão cedo...

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- Agora que já lhes contei minha vida que levo a séculos posso morrer... mas antes verei vocês morrerem e os filhos dos seus filhos morrerem... esse foi a minha penitência... às vezes tenho vontade de já ter morrido... mas essa é minha penitência...
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