A esperança é vermelha
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
O vermelho é uma cor quente, brilhante e forte. Representa energia e vibração. O vermelho da bandeira do Rio Grande representa o sangue derramado pelos farrapos. E o lenço vermelho dos maragatos é libertador. O vermelho do Internacional de Porto Alegre representa um clube sem racismo e popular. E o vermelho da bandeira do PT representa a solidariedade e a justiça social.
O meu coração é vermelho.
Vermelho porque é inquieto e indignado diante das injustiças. Vermelho até porque não é “as coisas” e por não ser “as coisas” fica mais vermelho e revoltado.
E porque queríamos mudar o Brasil, em 2002, transformamos as ruas e praças de nossas cidades em um mar vermelho de alegria. Com energia desfraldávamos a nossa bandeira juvenil para vencer o medo.
Uma palavra sintetizava nossas emoções : Esperança. Sob o signo da esperança os brasileiros elegeram um torneiro-mecânico presidente. E os militantes petistas têm a responsabilidade de continuar ajudando Lula a promover as mudanças necessárias que tanto o Brasil precisa.
Nós, petistas, somos inquietos e persistentes. Nossas conquistas são sofridas porque lutamos muito para consegui-las. Convivemos com a divergência, mas não somos subservientes. No campo da política, debatemos. No campo da baixaria, silenciamos. Sabemos tirar lições das derrotas e nunca baixamos o rosto em desânimo e, sim, olhamos a frente, porque o limite dos nossos sonhos está além do horizonte.
Está no horizonte e no infinito do universo quando, ao final desse mês de agosto, olhamos para o céu negro das noites de inverno e, ludicamente, observamos o planeta vermelho que veio nos saudar com uma política da boa vizinhança. Chegou tão próximo para dizer um “Ó de casa!”.
Talvez esteja nos cumprimentando com o vermelho da sorte desse povo generoso e sofrido.
Diante da imensidão da Via Láctea podemos dizer que a esperança está ao nosso alcance e comemoramos em ciranda no alvorecer, porque a partir do dia 27 de agosto de 2003 a esperança mudou de cor.
Porque estamos vencendo o medo e a incompreensão a esperança é vermelha.
A crônica abaixo foi classificada em primeiro lugar no XXVI Concurso Literário Felipe D’Oliveira de Santa Maria em 2003.
Um clarão embaixo do viaduto
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