Constatei que o tempo passa rápido demais e que não adianta tentar se esconder dele. Decidi então, sair da toca , caminhar junto à ele e seguir seu rítmo. Quem sabe, assim, eu consiga não me desviar tanto da realidade.
Você percebe? Por vezes penso que o sonho é realidade e a vida um sonho.
Outro dia li um livro: "O Pássaro Raro", de Jostein Gaarden, que falava sobre isso.
Interessante. Na página 195, fez uma análise sobre a fonte original que sopra a vida.
Dizia: "Um homem não pode carregar toda a dúvida do mundo em suas costas. Um homem é antes de mais nada um fenômeno.
Mas com exagerada freqüência, o homem toma a consciência do mundo para si. Acho que isso é ir longe demais.
A alma do mundo toca no órgão da história, do qual cada uma e cada um de nós somos apenas um tubo. Mas não quero entupir a passagem de ar do meu tubo com minhas dúvidas! Preciso cantar a minha nota de forma que ela possa ser ouvida em toda a catedral. De qualquer forma, não tenho mais do que uma voz.
Quando a alma do mundo me preenche com seu sopro, eu me ponho a assobiar alegremente. Eu sou um tom, uma cor e uma nuance no Universo. O protesto eu prefiro deixar para outros. O contraponto é formado pelos outros tubos do órgão. Sem falsidades, eu posso ser eu mesmo.
Francamente, só posso ser eu mesmo porque sei que sou também todos os outros. Também sou aquilo de que duvido. Também sou aquilo em que não acredito. Como tubo, estou ligado ao fole original que sopra a vida em todos os tubos.
Na verdade, o que pensamos não tem nenhuma importância. Afinal de contas, todos nós temos razão." *
Gostei muito da idéia de que posso ser uma cor, um tom, uma nuance no universo...
Imagens, imagens!
Gosto de imagens. Por vezes, são minha realidade. Ou meu sonho?
Até breve minha amiga e, continue cantando a sua nota de forma que ela passe pelo tubo do imenso órgão e possa ser ouvida por toda a catedral.
fonte:
* Jostein Gaarder, 2001 - "O Pássaro Raro" - Companhia das Letras