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cronicas-->50 -- 01/10/2013 - 09:35 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O BUDA LABRADOR 

DIA DOS NAMORADOS 


De alguns anos pra cá, esse dia que foi instituido dia dos namorados tem feito-me surpresas estranhas. Num ano, alguém decidiu terminar o namoro nesse dia, numa ironia macabra. 
Mas hoje foi tudo diferente... 
Fui conhecer alguém, combinado assim de última hora. Ambos talvez fugindo de passar só a data aonde convencionalmente uns passam trocando beijos e carícias. 
Se há uma coisa misteriosa é quando encontramos alguém. Digo: quando encontramos alguém que parece que faz sentido. Ainda mais quando esse alguém porta fatais olhos e cabelos negros contrastando com a pele alva. 
Acredito que tremi nas bases; eu que já ando ferido e, pensei, insensível. 
Mais do que bonita, é uma mulher... 
Como explicar? 
Tive que domar meus impulsos de várias ordens. 
Quando tocou- me com as mãos, parte de mim se encolheu de medo. Sinal de alarme. 
Parecia por horas que nela estava concentrado tudo que de mais bonito ainda consigo sentir. 
Sim, eu conheci muita gente depois que fiquei só. 
Mas esse encontro ensinou-me a diferença entre sentir e conquistar. 
É difícil conquistar alguém quando se é tocado. 
As armas ficam depostas. 
Eu falava para que meu silêncio não traísse-me. 
O fundo silêncio comovido de alguém que viu a imagem de alguém que julgara impossível existir. 
E que, entanto, conquistou minha rendição sem qualquer combate. 
E todas essas flores agora só pedem que ela as trate bem, para se tornar dona do jardim. 12/06/2002 

 
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ALMOÇO GALEGO 


Há quase vinte anos não via minha tia galega. 
Decidi revê-la depois de um evento oficial 
importante da vida. 
Fui acompanhando de uma mulher... 
Quase vinte anos... 
Ali passei dias da infância, entre pés de jambo, 
coelhos, pintos, o grande cão negro e 
o cheiro próspero e próprio da Espanha, 
com sua "ignorância e sua intolerância", 
como diz o Almodovar em "o matador" sobre 
os espanhóis. Lembro-me que tudo que minha 
tia dizia ou berrava era quase uma 
"ordem religiosa". 
Minha tia praticamente já me esperava na Varanda, 
com o eterno ar imponente. Mal viu-me e começou a 
falar mal de meu pai, 
que era um camponês mal-educado, 
enquanto ela foi uma moça educada na cidade. Eu, 
minha prima e a mulher escutávamos em silêncio. 
Discorreu assim por quase meia hora, dizendo também 
que meu outro tio galego ganha duas aposentadorias 
na Espanha, se aproveitando do governo. 
Eu ouvia atento e sem interromper. 
Aquelas palavras 
eram sinceras, 
Os impróprérios 
das tias espanholas são sagrados! 
Terminando de falar 
dos irmãos, perguntou-me, como quem havia me contado uma 
história infantil: 
_ VC gosta de peixe? 
_ Gosto sim, Tia. 
- Então vamos comer peixe. 
A empregada providenciou o peixe, 
que em tudo parecia 
ter a medida da minha tia. O peixe simples 
repartido praticamente em fartas partes iguais, 
a mesa posta para quatro, o singelo refrigerante, 
a janela aberta para o vasto quintal e 
eu reencontrando 
quase vinte anos depois, minha vida galega. Foi 
o melhor peixe que comi na vida. Os ossos do meu 
pai estão devidamente gaurdados no jazigo da família. 
Talvez passe outros vinte anos sem ver minah tia 
ou sequer a veja mais, já que ela já conta seus setenta anos, 
mas o que importa não é o tempo, 
mas a qualidade do 
encontro. Minha tia é uma autêntica tia espanhola, 
com tudo que vem implícito nisso. Estranho amor, 
o nosso... 

30.08.2005 

 

 

 

 

PAI, PORQUE SETE SÁBIOS APENAS NA GRÉCIA?

Marcelino Rodriguez

Houve um tempo, não sei se muito ou pouco, mas o suficiente para perceber que já passou, que quando uma pessoa nova chegava num lugar, as pessoas se interessavam por ela. Hojse se voce sai de um bairro para outro já é um estrangeiro. Pode acontecer de ser solenemente ignorado. Há também pais e filhos e esposas e esposos que se ignoram. Estranha essa raça de cristãos humanos. Constroem templos e doutrinas sem amor.
O prazer da troca de idéias parece ter chegado ao fim. 
Tá tudo pronto para nada, já que não se precisa mais de relacionamentos. Viramos números e rotina. Péssimos atores no palco da vida; uma geração de gente desinteressante. 
No tempo que vivi em Córdoba, Argentina, um cavalheiro elegante da cidade convidou-me para dar um passeio em seu carro e conhecer sua cidade.
--- Ali é a Praça Sant Martin. É uma das principais da cidade.
--- Você é peronista?
--- Perón é um fantasma, amigo.
--- Então você é escritor e vende alfaces?
--- É o mundo.
--- Coisa de Kafka.
--- Verdade.
Íamos assim, ao sabor das ruas em quase duas horas de uma conversa agradável, quando quase chegando em nosso bairro, ele me contou essa lenda.
--- Voce conhece a história dos sete sábios da Gŕecia?
--- Mais ou menos, acho até que tinha mais do que sete – respondi desconfiado.
--- Um dia o pai levou o menino para ver as ruínas dos templos antigos e o menino perguntou.
--- Pai, por que a Grécia só tem sete sábios?
--- Porque a estupidez é infinita, meu filho.
Acabando de contar a estória, olhou para mim e finalizou.
--- Asi és, amigo.
 

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