POR VOCÊ,CRIANÇA DE LÁ
O corte que minha carne sofre,
não é do tamanho do corte d`alma minha,
já tão sofrida e morta.
A dor que vem dessa que me devora,
não é menor que essa que tua gente chora.
Esquálido, vago por ai, sem gemer meus ais.
E meus olhos, já sem lágrimas, apontam:
é a morte. Aí vem a morte. A morte ronda.
E logo, logo, vão dizer: aqui jaz.
O corte que essa fome conta,
tem a forma da dor que vem das entranhas.
E essa dor que minha alma conta,
é a tristeza dessa vida tonta,
dessa garganta seca,
dessa boca torta,
dessa agonia,
desse corpo sofrido,
que esse império entorta,
e que meus olhos, eivados de nada, exclamam:
É a morte. Aí vem a morte. A morte ronda.
Ai! Afasta essa dor de morrer!
Deixa-me! Quero a alegria de viver.
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