O Chiquim Aleixo mal vendia fazendas, mas era a viva promessa das ilusões.
Não `havera` de ter mãe de família ou donzela casadoira no povoado que não passasse
ali na sua loja para conhecer as novidades - e sonhar à vontade.
E era uma loja modesta, como de qualquer outro gênero que por ali houvesse: do bar
do Teco à loja dos irmãos Chaves, Zé e Béco, passando até pelo açougue do Afonso.
Como se mais comércio houvesse. Ah, tinha ainda o bar do Zé Ieié, e o açougue do
Girimia.
Daí a imporància - e imponência - do Chiquim Aleixo, ainda que seus teréns ficassem
acomodados no aperto da sala de visita da sua própria casa, que dividia com a mulher
Elisa e os filhos já crescidos que iam namorando e se casando. Mas nem sempre nessa
ordem.
E sua loja se resumia à s prateleiras, o balcão e o metro, amarelo, de madeira,
quadriculado, que manejava com o habitual cuidado. A impressão que se tinha é que
havia bastante fazenda exibida e que a demanda não fosse lá tão comprimida. Além
da fazenda ele vendia também umas miudezas de armarinho e higiene. Mas o grosso,
além do metro, eram as fazendas.
Musselina, organza, organdi, gurgurão, brim, gabardine quanta variedade. E ele,
solene, apontava para as novidades, trazia a peça ao alcance das apreciadoras
que, quando se encantavam, já tava lá o metro erguido, pronte pra fazer a medida,
enquanto a tesoura, grandona, é que cuidava da mordida.
Um dia, a busca de melhores ares, ou para os seus filhos de melhores teares, mudou-
se o Chiquinho Aleixo. Foi se estabelecer na cidade, mas lá, no alto do Véi da Taipa,
na periferia, sua loja perdeu a magia, em meio a tantas outras, maiores, tradicionais e
com pano a riviria. Passou a condução do negócio ao filho, o Zezé