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Discursos-->Em defesa da pureza da língua portuguesa, contra o CLICK -- 27/03/2004 - 21:37 (Paulo Eduardo Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A idéia de pureza tem sido através dos tempos um dos grandes valores motores da sociedade ocidental, e, respeitadas as questões relativas a alteridade, da própria humanidade. Quantos atos, eu pergunto, tanto bons quanto maus, cometidos pelos homens não tiveram sua origem, de uma forma ou de outra, relacionada à busca ou à defesa da pureza? Quanto da própria evolução e progresso da raça humana, bem como de suas desgraças, não se devem a algum ideal de pureza?

A parte as especulações de ordem filosófica ou metafísica que envolvem tal tipo de conceito, é fato comprovado e comprovável que o ideal subjetivo de pureza, que todos carregamos conosco, é um fator considerável na determinância de nosso caráter e de nossas atitudes. Pois se o antropóide que na idade da pedra utilizou-se da dita para apressadamente separar a carne dos ossos da carcaça da presa abatida por algum predador almejava tão somente a pureza daí advinda, as tragédias gregas tem também, em última análise, como pano de fundo a mesma força motriz, e os artistas europeus da idade média até o renascimento retratavam-na, embora de diferentes maneiras. No Japão longínquo, samurais viveram e morrerram na incessante busca deste único objetivo. Enquanto que nas Américas, especialmente na área em que futuramente viria a se localizar o território dessa abençoada nação brasileira, nativos viveram por eras num tal estado de pureza, que desafia a nossa imaginação corrompida a simples tentativa de imaginá-lo!

E as religiões! Qual é, em essência, o núcleo em torno do qual se ordenam as argumentações de TODAS as correntes religiosas? Pureza. O que mais seria, a título de exemplo, o nirvana búdico, senão um estado da mais PURA inconsciência? E o Éden? Qual o objetivo dos jejuns e da disciplina islâmica? Das normas judaicas?

Mas não é preciso ir tão longe em elocubrações e vôos especulativos irrespondíveis para comprovadamente comprovar a veracidade científica, matemática e histórico-dialética daquilo que vos afirmo. Basta ligar o rádio as sete e trinta da manhã e esperar pelo noticiário policial. Aí sim, poder-se-á perceber a extensão do drama do ser humano em sua incessante busca pela pureza. Maridos, noivos, namorados, pais, irmãos, mães, filhos, netos! Que cometem atrocidades, chegando a matar - ou matarem-se! - em nome da pureza de suas esposas, noivas, namoradas, filhas, irmãs, mães, avós...
Consumidores, que lesados em seus direitos, entram em conflito atrás de uma pura...
Sem falar na nossa tradicional purinha, responsável, ao que se diz, por uma imensa gama de catástrofes, em especial em nossas ruas e estradas...

E AINDA ASSIM! AINDA ASSIM! HÁ QUEM ZOMBE DA GRANDEZA DA PUREZA DA LÍNGUA PORTUGUESA! Pois bem. A esse safados, a esses hipócritas, desde já advirto que há quem se lhes possa opor. Eu. Eu, nesse sacro momento proclamo minha firme intenção de proteger a integridade da nossa língua, evitando toda e qualquer adoção desnecessária de estrangeirismos. E começo mostrando trabalho, identificando e denunciando como agente do imperialismo norte-americano o maldito estrangeirismo de origem anglo-saxônica conhecido como CLICK. Pois quem, senão ele, o maldito CLICK, seria o culpado pelo gradual e irreversível deterioramento de nossas antes tão cordiais virtuais relações? Todos sabem da importância estratégica da intelectualidade nas decisões das altas esferas do poder nacional. Assim sendo, é fácil deduzir a sórdida tática empregada pela estrangeiridade para nos dominar culturalmente, ou seja, infiltrar sorrateiramente agentes disfarçados em áreas de efervescência em vida intelectual de primeira linha, como é o caso de sites literários e congêneres.

Desse modo, assim como os países de língua espanhola utilizam sítio ao invés de site, proponho que se substitua o estrangeiríssimo e impuro CLICK, pela nacionalíssima e pura DEDADA. Usineiro, você que é um cidadão brasileiro - ou mesmo português, vá lá - passe a partir de hoje a utilizar o termo dedada para se referir, por exemplo, à quantidade de visitas recebidas em determinado texto. Posso ouvir desde já as vozes usinais a comentarem-se entre si mesmas, com orgulho: "Pois de semana passada pra cá, são mais de quinhentas dedadas que recebi por aquele texto!" Ou ainda: "Não, aquele coitado não é de nada! Não consegue nem vinte dedadas por texto, em média. Não é como eu, que já cheguei a levar quinze mil dedadas por um único texto... se bem que dessas, umas dez mil foram minhas mesmo..."
Bom, daí, dando vaza a um lipo-iso-intertexto sub-meta-pseudo-teoromético, poderiam surgir expressões como Robot-dedante, ou auto dedante...
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