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Cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (130) -- 18/10/2013 - 11:14 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (130)
" Inspiré d´une histoire vraie"

A frase acima indica que o filme é baseado em fatos reais. E mesmo que não fosse teria sido um roteiro de bastante imaginação/criatividade. Trata-se da obra em língua francesa "Intouchables", equivocadamente traduzido para "Intocáveis". Não é à toa que resolvi adquirir o blu-ray, por se tratar a meu juízo de produção merecedora de destaque. O tema pode não ser rigorosamente original, mas ninguém ousaria apagá-lo da realidade. Tudo aquilo aconteceu de fato. Mas é prudente assinalar não ser um livro que faz um filme, mas o contrário. Numa Paris contemporànea, um tetraplégico milionário e culto, depara-se circunstancialmente com um jovem negro da periferia, sem muito lustre. O flashback na abertura mostra uma Maserati luzidia em alta velocidade, transportando os dois principais personagens da história.
O cuidador cujo nome é Driss, depara-se par hazard com outro tipo de experiência que não a habitual. Um detalhe aparentemente irrelevante leva-o a exercer uma nova atividade profissional. Desempregado, banca o paraquedista numa fila de espera repleta de gente qualificada. Ele necessita apenas de uma assinatura que legitime o seguro-desemprego. O rápido e descontraído diálogo entre ele e o milionário torna-se o vetor zero de uma longa e distinta amizade. Insinuante, destemido e ousado, inicia uma suposta caçada à secretária ruiva do aleijado, o que se desfaz no final ao descobri-la homossexual. Não é um simples detalhe cleptomaníaco que o faz ser contratado depois do período probatório. É indubitavelmente seu despojamento e espontaneidade no trato direto e informal com alguém que espera tudo do senegalês, exceto compaixão barata.
O roteirista que se preza procura eliminar qualquer vestígio de falsa comiseração. É óbvio ser o cinema a arte do conflito de imagens, qualquer que seja seu conteúdo, a objetividade da linguagem, a singeleza do diálogo e/ou a coloratura fotográfica.
O audiovisual às vezes não se interessa pela cor da realidade sobre a qual repousa o enredo; o autor e o diretor estão mais interessados no impacto que a arte provoca, porque "o mal da ficção é que faz sentido demais, a realidade nunca faz sentido", no dizer de Huxley. O primoroso em meio a toda essa trama que envolve poucos personagens é entremeá-la com a música erudita, gosto apurado do tetraplégico e a capacidade em dançar no prazer singelo do cuidador, quando ouve "Earth, Wind & Fire". Eu próprio, fã incondicional de música para ouvir, não fico insensível ao ritmo contagioso da banda negra americana, de 1969.
Durante a comemoração do aniversário do especialista em Berlioz, o aniversariante Philippe, tetraplégico depois de uma queda de parapente, aceita convencido o frenesi da música "September". Para testar ainda mais as qualidades corporais do empolgado Driss, vale a pena vê-lo dançar e trazer os bem-comportados convivas e músicos a acompanhá-lo. Um relacionamento profissional que poderia não durar duas semanas, na previsão do empregador, perdura por muito tempo. Os personagens são bem marcados, dentro e fora do ambiente dramático principal: a majestosa mansão do tetraplégico.
Momentos marcantes se constroem durante a sequência em que, ditando uma carta para a "amada epistolar", os três personagens se veem diante de um episódio de encorajamento.
O cuidador se vê na obrigação de convencer o culto escritor de cartas a telefonar à sua amada distante, em Dunquerque, bem aquém de Paris. O diálogo é um misto de respeito e desvelo de um lado e despojamento e prontidão de outro. Eleonore, a quem Philippe apraz conhecer numa ocasião perpetrada pelo cuidador, torna-se sua mulher no final de tudo. Se quiser conferir esse belo espetáculo de quase duas horas de projeção, esqueça entrementes seus afazeres e mergulhe num desses canais da tevê por assinatura. Se não vir você perderá bastante, inclusive alguns bons instantes de humor bem dosado, música da melhor qualidade e a urdidura convincente de um roteiro cinematográfico, que poderia acontecer com qualquer um de nós na imprevisível vida real.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
17.10.2013
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