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Poesias-->Visionário -- 10/04/2000 - 23:32 (Nilto Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VISIONÁRIO





Da varanda do apartamento

olho para a cidade.

Torre de marfim,

torre de babel.

Árvores agitadas,

carros correndo na avenida,

pessoas andando à toa,

um cão vadio.

Cheiros diversos,

chiados, barulhos.

Onde estará o centro do mundo?

Onde estará acontecendo

a notícia de amanhã?

Dentro daquele ônibus

viajará a moça iludida

e que poderia estar comigo.

Viajará o rapaz triste,

embriagado e que poderia

me contar sua vida

- arcabouço de um conto.

O motorista irá atropelar

uma criança sem futuro.

No automóvel de luxo

vai a mulher

que brigou com o marido

e anda atrás de vingança.

Na parada de ônibus

talvez esteja o assassino

de logo mais.

Na tela do cinema

a musa de todos nós,

estrela que se apagará.

Numa cadeira

um homossexual olhará

para as pernas do rapaz

que come pipoca.

Noutra cadeira um senhor

alisará o próprio bigode

pensando no passado.

No banco da praça

o mendigo comerá pão

olhando para as nádegas

das mocinhas que passam.

No palácio o presidente

alinhará o decreto

que me dará dor de cabeça.

O deputado beberá uísque

no bar e falará de si mesmo.

Sentado num sofá o homem

lerá o romance da mulher

deitada eternamente

em berço esplêndido.

O poeta escreverá uns versos

que lerão daqui a dez anos,

versos sem rima ou sem ímã,

sem métrica e sem ritmo.

No meio do mato a onça

farejará o veado.;

o macaco morderá o rabo

do tatu.; a formiga

caminhará sem rumo.;

e tudo estará escuro.

No rio o peixe, a água,

o frio, o pescador.

No mar o tubarão,

a baleia, o turbilhão.

No céu a estrela virando pó,

o foguete se espatifando,

o infinito e nada.



Aqui, sozinho, longe e perto

de todos, de tudo,

quero estar no centro do mundo,

na crista da onde,

quero ser testemunha do crime,

da crise, do apocalipse.

Quero ver de perto o amor, o ódio,

a solidão, a multidão.

Quero estar no palco, no show,

no centro da cidade,

do campo, do rio, do mar,

do céu, do universo.

Quero a onipresença,

a onisciência,

toda a ciência.



Brasília, 30.12.97.



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