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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (134) -- 01/11/2013 - 12:35 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (134)
"Sonhar é pra toda vida, embora não seja
pra vida toda". WS

Um ser humano agarra-se a um sonho como um detento à tira de lençóis tentando fugir. Desde cedo ouço dizer que sem um sonho a vida perde seu real valor. E é muito provável que toda pessoa alimente seu sonhozinho particular. Não importa o tamanho, o valor intrínseco ou o cronograma previsto. Alguns exageram em sua dimensão, no agendamento de seu alcance, ou do quanto sacrificam para concretizar. Outros, na ansiedade de alcançá-lo, tropeçam nos obstáculos da trajetória e amargam seu adiamento. Na hipótese de não conhecer uma criatura humana não participante dessa comunidade onírica, às vezes me deparo com pessoas que insistem em dizer que têm os pés no chão. Pode ser, desde que nutram no travesseiro, antes de dormir, seu modesto sonhar.

Durante minha trajetória de vida, encontrei pessoas com variados sonhos e razoáveis expectativas. Havia desde a ingênua
menina-moça que buscava o príncipe encantado, ao invejoso que gostaria de adquirir o "Simca Chambord" do vizinho da direita. Atualizando, hoje seria como querer possuir um "Honda Civic".
Há sonhos para todos os gostos, idades e classes sociais. Lá em casa, na minha, meus três amáveis rebentos tiveram seus sonhos diferentes. Só não ouso aqui enumerar, por motivos de sigilo familiar. Em toda família que se preza, os membros cultivam sonhos, alguns modestos outros mais arrojados, mas sempre sonhos. Evidente que sonhar em ser o homem mais rico do mundo, guardadas proporções, às vezes provoca um tremendo pesadelo. Refiro-me ao exemplo do senhor Eike, que em sendo Batista, certamente acredita no sobrenatural, embora pratique a doutrina contrária.

Dessa espécie de sonho, valei-me são Conrado. Mas os sonhos envolvem miríades de especialidades. Há o sonho de se tornar médico, de fazer doutoramento em Heidelberg ou de escalar o monte Everest. A essa última façanha, ou sonho, conheço poucos que se deram tal luxo. Para concretizar um sonho desses é preciso ter sobretudo coragem, já que se trata de tarefa corajosa, audaciosa e de altíssimo risco. Consulte-se por exemplo o site de uma grande companhia de seguros e lá encontrará o custo alto da apólice. Resta também saber se o sonho do montanhista é o mesmo compartilhado pela família, leia-se, pelo cónjuge. A menos que ambos sejam amantes da mesma espécie de esporte e o partilhem oniricamente.

Já que mais atrás mencionei classes sociais, devo acrescentar um adendo a esse discurso: qual é realmente o sonho de um Senador? Fui vizinho de um que, à época Deputado, sofria de uma insónia crónica. Não sei se ainda é portador dessa deficiência. Dizem por aí que ele dormia - quando raramente - comia e não parava de pensar Política. Profissional do ofício, certo dia acordou - se é que dormiu nessa noite - não mais eleito Senador. Vai daí que devamos deduzir que quando um sonho não se concretiza e ele é a meta principal de um ser humano, ele se transforma ipso facto, em pesadelo brabo.

Um aspecto singular que a maioria atribui à concretização do sonho, por menor ou mais modesto seja é o grau de fé que diz ser possuidor. Não sei até onde a concretude de um sonho depende diretamente de ter fé ou não. E mais não poderia aduzir, principalmente por que não sou de fé nenhuma. Nessa mesma linha de raciocínio, na medida em que sonhos não se concretizam, paira sobre seu vácuo, o fantasma da frustração. Não há nada pior do que, depois de nutrir durante muito tempo um dado sonho e não o ter alcançado, sofrer de uma brutal frustração. Por muito menos do que isso, aprendi que a euforia é a véspera dela. A exacerbação no sonhar é não querer enxergar um palmo à frente.
Continuamos a sonhar porque parece de nossa essência e é vital para perpetuar a existência. Hoje, se é que ainda se fala nisso, comemora-se o dia de todos os santos. E coincidentemente amanhã será o dia de finados, evento em que todos os sonhos - e santos - atingem o fim de sua efêmera validade.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
1º/11/2013

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