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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (135) -- 07/11/2013 - 09:10 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (135)
"The country is going to the dogs"
Abraham Lincoln

Essa noite resolvi dar um salto no passado. Decidi dar uma colher de sopa para o Steven Spielberg. No início imaginei que, pela formatação imagética, o premiado cineasta de tantos sucessos parecia se repetir. Aquelas primeiras tomadas da guerra civil americana, embora num contexto diverso, exalavam um cheiro de dejá vu. Curioso é que o mesmo diretor de fotografia de outras obras acompanha esse LINCOLN com uma cor bem regular para um filme de época. Posso me enganar, mas não encontrei lá esse brilhantismo todo não. No atacado, vá lá. Mas se o espectador for muito exigente, ele observará que o diretor de arte é melhor do que o de imagens. Se você contra argumentar que com um ator daqueles - o Day-Lewis - seria moleza, até concordo. Mas às vezes tive a impressão de que o roteiro desperdiçava um pouco seu timing com detalhes dispensáveis.

Para os conhecedores de história, Abraham Lincoln, um contador de anedotas, viu-se bombardeado pelos democratas que perderiam feio na votação da 13ª emenda. (Juro que não estou tentando contar o filme). Historicamente ainda, sabe-se que o velho jurista e conciliador Abraham, permeava sua argumentação com alguns detalhes bíblicos. Afinal, ninguém queria largar a mordomia escravocrata e a "convicta" sensação de que Deus teria criado os homens desiguais entre si. Mas o roteirista não quis perder muito tempo nisso, embora, como judeu que é, enfatize em alguns diálogos, sua inquietação. Não li o livro sobre o qual o filme adapta o roteiro. Mas vivo me perguntando o que faríamos todos nós se fóssemos norte americanos e personagens vivos em meados do século dezenove. A herança escravocrata viera de longe e seu berço fora a monarquia inglesa.

Spielberg não fez um filme político na essência, mas quis dar a impressão de politizado. E diga-se que resumir uma saga de cinco anos - 1860/65 - num filme de pouco mais de duas horas, não seria tarefa lá muito confortável. As tomadas que tratam da intimidade da família Lincoln são bastante convincentes. Vale ressaltar a interpretação de Sally Field, no papel da Sra. Mary Lincoln, cuja ascensão sobre o marido é inequívoca. Ao escolher John Williams para escrever a música do filme, Spielberg foi muito feliz porque a trilha sonora em nenhum momento sobrepõe-se ao cunho dramático da ação fílmica. Quero deixar claro que meu critério, talvez o único para acatar uma obra de sétima arte é que ela me envolva emocional e racionalmente. Não será relevante se não me passar algo além do estético e do comportamento da ação dramática.

O diretor deixa muito claro seu comprometimento com a realidade, independentemente do conteúdo da autora do livro, quando permite ao espectador perceber a atmosfera reinante na família Lincoln. Essa percepção é refletida nas relações às vezes conflituosas entre o filho mais velho e o presidente e entre ele e sua mulher. As várias fotos de Lincoln com o filho pequeno Tad, são muitas ao longo da história fotográfica presidencial. O pai nutre ao longo do filme, o mesmo carinho que nutria pelo pequeno filho, de igual intensidade na família Kennedy, cem anos depois.

Uma obra dessas é vital que se veja mais vezes. A luz utilizada em algumas cenas é de tocante sensibilidade, sem apelar ao preciosismo. Mas também é inegável que Spielberg demonstra ter aprendido as lições absorvidas do mestre Bergman. Durante o filme, já que não desgrudei em nenhum momento meu olhar crítico da tela, esperei cautelosamente pelo final. E você poderá também conferir que num palco onde brincam personagens moleques é anunciada a morte do homem de Kentucky. E não é por acidente que o diretor faz questão de contrapontear o horror na expressão do menino. Como um excelente contador de histórias, Steven homenageia ora Lincoln, ora Velásquez a amalgamar os dois na tomada do leito de morte de um presidente assassinado.*
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*Abraham Lincoln morreu num dia 15 de abril de 1865 no Teatro Ford em Washington-DC.

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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
05.11.2013
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