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cronicas-->OLHOS ESBUGALHADOS -- 28/11/2013 - 11:45 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


OLHOS ESBUGALHADOS

Marcelino Rodriguez


Os intelectuais honestos que vivem no Brasil todos juntos não lotam a rua Bariri. Antigamente tocava uma música que não devíamos confiar em ninguém com mais de trinta anos. Isso era antes da internet.
Agora não podemos confiar em ninguém acima
dos dez e abaixo dos trinta.
Essa geração está nascendo com olhos esbugalhados. Eles não enxergam a gente. Eles não leram Saint Exupery, não assistiram filmes de Fellini
ou Bergman e estão abaixo da linha do equador
das idéias ou do idealismo.
Já tive, indentificando uma criatura assim, vontade de sair correndo.
É estranho.
Eles parecem humanos, mas apenas parecem.
Eles não querem saber da gente, só deles e de seus interesses miseráveis.
Assim que deixei uma moça que diz ser escritora ser minha amiga e já estava ensaiando dar alguns conselhos, ou quem sabe
planejarmos um café e para isso mandei-lhe um de meus romances
para que ela lesse e, claro, ficasse impressionada.
Cheguei a roubar uma de suas fotos de biquini, confesso.
Nunca entendi porque tenho essa mania, mas todo mundo tem direito a uma esquisitice. As minhas ,afinal, não chegam a uma dezena.
O tempo, porém, foi me revelando coisas estranhas, assim como nos filmes de suspense, sobre a personalidade da minha jovem literata.
Sua literatura, para dizer a verdade, é bem ruim.
Ela quer dar para um moço e fica escrevendo suas indecências.
Nunca deve ter lido na vida um catecismo, a criatura.
Tá cheio de gente de olhos esbugalhados confundindo amor com necessidades biológicas.
Fui ficando assustado ao ver que seus escritos ruins já tinham
quase um milhão de curtidas.
Eu ainda não tinha uma centena de curtidas.
Estaria com inveja eu?
A jovem de olhos esbugalhados levou-me a questionamentos interiores
dignos de Bergman.
Eu nada era para ela.
Eu era um verme.
Até na privada estava eu pensando na criatura.
O que fazer? Ela não dava um bom dia a mim, nem boa noite. Eu, um escritor com quase uma dúzia de medalhas e prêmios.
Só havia um jeito para mim.
Tinha que me livrar da jovem de olhos esbugalhados.
Assim acordei numa manhã e tirei-a das minhas amizades com um clik.

-- Vai-te, que não fique aqui uma lembrança sua!.

Sempre penso que o maior problema de quem vai para o inferno é suportar a grande densidade demográfica.
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