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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (138) -- 04/12/2013 - 10:11 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (138)

Político preso parece ser bem diferente de preso político. Ou estarei delirando? Tudo leva a crer que alguns sentenciados no arrastado caso mensalão, não concordam com isso. O gesto de braço esquerdo erguido à moda bolchevique teria dado essa impressão. Quero dizer que estariam querendo significar algo como se houvessem sido injustiçados nos tais embargos. Efêmero militante do PT numa época em que esses fatos pouco recomendáveis não eram publicáveis, confesso minha admiração por José Genoíno. Explico minha meteórica passagem pelo partido. Eu havia sido pré-candidato à Càmara municipal de Camaragibe, isso há 13 anos. Conheci e conheço algumas figuras petistas pernambucanas e sei que são pessoas de boa cepa. Aliás, as ações humanas pouco ou nada têm a ver com profissão ou atividade. O poder ensandece o homem e transforma-lhe o piso do caminho. Um político partidário não pode fugir à sorrelfa sobre esse princípio. Há sem dúvida aqueles que, imunes à chicana que o exercício do cargo propicia, seguem seu rumo e cumprem seu papel.

Sob a justa alegação de que está enfermo, o político Genoíno não pode nem deve querer criar uma súbita imagem de mártir circunstancial. Se a pessoa ficou submetida ao canto das sereias que se ouve no habitat parlamentar, o político não tem como sair-se incólume. Foi pra chuva e, sem capa e sem paraguas, ensopou-se à grande. Alguém deve ter escapado dessa pecha, a exemplo do empresário nipo-brasileiro Luiz Gushiken.
Ele foi absolvido e, infelizmente, sucumbiu à morte. Ao menos se despediu das existências política e pessoal, sem ter de envergonhar a ambas. Mas a esse canto de sereias quase não permite que ninguém escape. Posso até dizer que é um casamento perfeitíssimo entre poder e dinheiro. Daí também neologizar como canto irresistível das sereia$. Não importam regimentos, estatutos ou até mesmo a Constituição federal. Nada é respeitado ou considerado. A reforma das reformas há que ser efetuada dentro de um prazo curtíssimo. Ela consiste em reformar o caráter dos homens, à moda confuciana, como sempre quero aludir. Mas não me iludo, embora continue pensando assim.

A avacalhação da República enquanto sobrevive mercê de algo superior, como a educação política do povo, continuará prevalecendo e dando a impressão de ser regra e não exceção. Já ouvi alhures que é parte da cultura política brasileira, que é herança imperial, isso e aquilo. Se o comportamento político for cíclico tanto quanto o desenvolvimento do ser humano desde sua fase de barbárie, estamos todos fritos. É um longo caminho, um longuíssimo prazo e aí estaremos todos mortos. Não se pode negar que existe um componente cultural em tudo isso, no comportamento político nacional. Mas por que logo agora, nesses mais de vinte e cinco anos de redemocratização, todo esse panorama se descortina? Seria falta de hábito? Ou é por que ainda não estamos plenamente maduros para cumprir o fado democrático? De forma inversa ao que declarei acima sobre a impressão que tenho do Genoíno, o mesmo não me ocorre ao José Dirceu. Ontem, durante a entrevista de um cirurgião plástico sobre a febre de banalização das cirurgias plásticas no Brasil, ele encerrou rapidamente sua alocução dizendo que a Casa não parece ter dono. Eu entendi muito bem o que ele quis dizer. Lamento do fundo de minh´alma que figuras emblemáticas da resistência durante o período obscuro e violento do golpe militar, estejam agora frequentando seu cursinho de leão. Do mesmo modo lamento também que queiram dar a impressão de que a história se repete. Mas, da forma como se apresentam, vítimas e não vilões, passam-nos a mais clara percepção de que a "história se repete como farsa".

O corajoso e diligente ministro Barbosa vai continuar sua tarefa. Ao menos nos demonstra ter um vívido senso de dever e despojamento. Nós, contemporàneos dessa quadra da vida brasileira, só temos de incrementar e disseminar a ideia de que, como dizem os árabes, maktub, que quer dizer estava escrito. E se esse tipo de receita democrática e republicana não agrada aos defensores dos réus, que se mudem para Pasárgada, onde ser amigo do rei deve ser muito apropriado, ainda que todos estejam fartos de saber que o dito está completamente nu.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
25.11.2013

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