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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (139) -- 04/12/2013 - 10:16 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (139)

Na ida à caminhada matinal, deparo-me com um touro branco. Retiro os óculos escuros e a uns cem metros de distància, lá está ele. Sonho não poderia ser. Os meus têm um roteiro menos bucólico e rural. Paro prudentemente e procuro tomar uma decisão: sigo adiante nesse passo rápido ou simplesmente dou meia-volta? Durante esse breve instante entre enfrentar o touro e voltar, opto pela segunda alternativa, antes que a adrenalina dispare. Essa inesperada aparição bastante incomum, interrompe a rotina diária. No dia seguinte, ao encontrar uma dessas raras caminhantes, sou informado de que o animal é bravo e não é de fazer amizades. Brincando, disse à informante que na próxima vez utilizarei minha habilidade de toureador e botarei o touro pra correr.

Essa ocorrência única e inusitada me faz lembrar uma pequena narração num livro de Bertrand Russell. Numa minúscula província chinesa há um tigre feroz que vem atacando as pessoas. Os ataques produziram algumas mortes e um clima de pànico entre os moradores. Um visitante indagou a um dos chefes de família daquela comunidade por que eles não se mudavam dali, já que corriam perigo iminente. O homem já velho respondeu-lhe que preferia viver ali a migrar para os centros mais adiantados. O forasteiro novamente pergunta intrigado o motivo dessa letal preferência. "É que aqui não temos um governo tirànico como nas cidades grandes". A moral da história todos já se deram conta. Às vezes é preferível habitar um lugar sob a ameaça de um animal feroz a ter que conviver com um governo tirànico. (Entenda-se corrupto). Nos dias correntes, ainda que se invoque tanto a palavra democracia, seu conteúdo é bem mais confundido do que difundido, respeitado e bem praticado.

Essa confusão, fruto de certa ignorància, se caracteriza pelo abuso do tipo de liberdades que uma democracia concede a governantes e a governados. O desconhecimento das regras que constituem um governo do/para/pelo povo, acarreta danos a cada um e a todos. Recentemente falei que talvez fosse falta de hábito pois resgatamos há um quarto de século o estado democrático de direito. Mas existem outros detalhes a considerar. O primeiro deles é que temos mais leis do que sua correta aplicabilidade e a lerdeza da Justiça se dá em face de fatores exclusivamente ligados a ela; e a frágil relação juiz/habitantes e sua consequente dificuldade em nomear novos magistrados a fim de preencher as vagas que restam. Como num círculo vicioso, não há juízes porque não há bacharéis suficientes aprovados em concursos públicos; não há advogados porque a grande maioria de bacharéis não consegue ser aprovada no concurso da OAB.

E todos sabem que, mais gente com curso universitário, menor a possibilidade de o país obter um quadro suficiente e necessário de mão-de-obra com grau médio profissional, a exemplo da Alemanha. E a continuar assim, ainda neste século faltarão profissionais qualificados no setor siderúrgico e manufatureiro. No fundo, sonha a grande maioria em se tornar doutor. Mesmo assim, este é um país em que a maior fatia da juventude ainda não sabe bem o que vai ser quando crescer. Num estudo do século passado ficou bem clara a necessidade de se preparar um grande contingente de profissionais especializados em consonància com o desenvolvimento tecnológico. Não se sabe ao certo se o tal estudo foi levado a sério e tudo indica que não. Contraditoriamente, já existe escassez de engenheiros civis, em face do grande boom da construção civil nesses vinte anos. Essa relação é efetuada em consonància com o déficit habitacional existente. Não há porque desesperar, haja vista os programas sociais implantados neste governo e no anterior, terem modificado o perfil do poder aquisitivo e conduzido as classes inferiores a patamares mais elevados.

Para traçar um paralelo entre a história do tigre versus governos tirànicos, quaisquer dessas republiquetas latino-americanas sofrem do mal. Não se pode dizer que eleitores quando vão votar, antes de fazê-lo analisem bem sobre a quem confiarão os destinos do seu país, estado ou município. Mas para substituir o tigre faminto, já que não estamos na China, basta verificar o trabalhinho das tais milícias no Rio de Janeiro que extorquem moradores das favelas. Nos outros estados da federação, os tigres são outros, posto que se disfarçam de gente e praticam descaradamente a compra de votos, as promessas inalcançáveis e aquele ar piedoso que lhe é peculiar. A voz da rua que elege essa gente sabe muito bem que "eles só vêm aqui antes das eleições". Nisso, nós eleitores temos nossa parcela de culpa.

Numa recente entrevista de um deputado do PSDB pernambucano à CBN, ele elogiava o trabalho (!) do empresário-prefeito de Camaragibe, blábláblá.
A posteriori, ao parlamentar ocultaram a verdade ou dela fingiram não tomar conhecimento. O fato gritante, público e inquestionável é que o endinheirado executivo adquiriu a bagatela de 40.000 votos à razão de cinquenta reais cada. Estejam certos: a votar numa figura dessas, cujas experiência e capacitação se pautam apenas pela conta-bancária é melhor encontrar pelo caminho de ida, um enfezado touro da raça Nelore. E, se não houver coragem e talento suficientes para enfrentá-lo, torna-se em tese muito menos arriscado do que votar e eleger esse tipo de candidato, munido apenas de sua tirania democrático-municipal.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
28.11.2013
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