Era naquele quintal que passávamos a maior parte do tempo. Fizemos dele uma verdadeira cidade. Os caminhos tinham placas com nomes, como se fossem ruas. Havia sinais de trânsito, feitos com gerânios vermelhos e folhas verdes. O tráfego era formado por bicicletas, velocípedes, tico-ticos e patinetes. De vez em quando havia trombadas e alguém saía ferido.
Meus irmãos gostavam de subir nas árvores e até faziam casinhas nos galhos. Eu ficava com inveja, mas não tinha coragem. Da primeira e única vez que tentei, tive uma experiência desastrosa. Foi quando o jardineiro cortou a grama e com ela fez um montinho embaixo de uma árvore. Os meninos pulavam do galho bem no montinho fofo.
Parecia tão gostoso, resolvi fazer o mesmo, mas quando me vi lá no alto, fiquei indecisa. Como eles pulavam e subiam outra vez, eu parada ali empatava todo mundo. Paulo se impacientou e me deu um empurrão. Caí de cara no chão, fora da grama! Não quebrei o braço nem a perna, mas meus óculos se partiram e cada lente voou para um lado.
Quando os meninos andavam em cima do muro eu ia correndo linguaretar para dona Laura.
Em nosso quintal havia também uma gangorra de madeira, um tanque de areia e um galinheiro.