Usina de Letras
Usina de Letras
68 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62245 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Noite Sem Fim -- 13/11/2001 - 01:13 (Carlos Santos Lacerda) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Agora

Vindo para casa

Eu observava os altos envidraçados

Como são grandes!

As luzes vermelhas do topo me lembram olhos

Olhos da virgem que chorava



Que estranho é olhar o tempo!

E perceber que ele passou e assim continua tão rápido e sem tréguas

O tempo vai indo como o trajeto de um rio

As vezes rápido e tortuoso quando não queremos

Mas também lento e monótono quando mais tendemos



Do alto céu vejo estrelas longínquas e tristes

E assim sinto-me tão feliz

Feliz por estar próximo aos meus

Por ser o que desejei ser

Por estar como estarei ainda um dia



Na escuridão atrás de cada vidraça eu vi a imagem perfeita de um homem

Ele era sereno

Sem medos

Sem sustos

Ele só transparecia a vivência que através daquele vidro nada pode ocultar

Desejos



Volto a mim

Meu coração é como um imenso e profundo túnel de sentimentos

Ao raso tem-se alegria e calmaria

Mas lá no fundo encontro a pujança de uma tormenta catatônica

A vazão que me permito vem preenchendo espaços vazios

Até que o fundo se torna raso

Eu preciso reprimi-los para que não avancem sobre meu corpo

Como pássaros descontrolados

Como ferozes felinos esfomeados



Volto as visões

Cada rosto da rua é uma vida de outras e outras vidas

Em cada lado que olho vejo amores, mortes, declínios e sofrimentos

Sobre cada passo um corpo clamando por atenção

Vejo os meninos do sinal

Tão sem vida!

Seus olhares medrosos me fazem temer o que ainda há por vir



Chego em minha casa

Atrás da porta de entrada sei exatamente o que me espera

Sei que sons escutarei

Que objetos poderei tocar e cada passo que poderei infligir

Mas quem são estes que detrás das portas se mantêm tão sozinhos?

São os filhos da lua que o sol despreza?

São as conchas que o mar cuspiu de seu interior?



E agora ainda tenho alma

Suficiente para pensar nestes que não sei se ainda tem

Não que sejam desalmados

Mas é que para estes a lama afogou qualquer tipo de brilho que faz com que sejamos seres humanos melhores a cada dia



Será que detrás daquela vidraça polida ainda há também o mesmo homem?

Ou será que assim como as estrelas que se envergonham da luz

Se escondem da claridade

Também aquele homem se esquiva

De qualquer lembrança que o faz ver o que ele é

Mesmo que ele não saiba



Oh Deus!

Apaga de teus filhos este pendão de dor e sofrimento

Enterra junto ao último cadáver da noite

A última amargura de uma mãe ao meio

Salve-nos destas penumbras

Que escamoteadas sob a terra lisa e fofa

Amansa o perdão mas aumenta a revolta



Somos poucos de tão poucos que nos deixamos ser

Nos limitamos a nossas vozes baixas e esquecidas

Nos defrontamos em cada palavra que merecia ser dita

Mas ela se silenciou

E assim

Partiu

Como vento que cortando as matas distanciam as folhas

Como a luz que a noite apaga

Como o amor que a saudade extingue

Apenas isso

Apenas

Adeus





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui