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Cronicas-->Mosca perdida -- 24/01/2014 - 11:23 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mosca perdida

Aroldo Arão de Medeiros

De onde ela veio? Ninguém sabe responder. Ela infernizou (que Deus me perdoe o termo usado) quem estava naquela manhã na Praça São Pedro, no Vaticano.
Foi a primeira e pode ser a última vez que visitaremos lugar tão cristão, tão turístico, tão comercial de produtos religiosos e de tanta aglomeração de gentes de tantas nacionalidades.
Mas, voltando às vacas frias, ou seria melhor à mosca impertinente, ela estava em nossa volta a zumbir em nossos ouvidos. O Papa ainda não havia chegado e podíamos conversar a vontade. Em nossa frente havia um casal e dois jovens enamorados de Concórdia, do Oeste Catarinense. A formação turística desse grupo era a seguinte: Serafim (pai), Lúcia (esposa), Rosa (filha) e Alcides (namorado da filha). Conversamos animadamente com a família Paggliarini e ficamos sabendo que lidavam com criação de suínos. Não foi difícil desconfiar porque aquele inseto de duas asas nos rodeava com insistência. Disfalçadamente, com diria minha saudosa mãe, aproximei-me um pouco mais de Serafim. Não foi preciso chegar tão perto. O cheiro que exalava era de deixar tonto qualquer um, seja cristão ou muçulmano.
Porque a família não reclamava? Soube com uma irmã, que tem o marido a lidar diariamente com peixes e está acostumada com seu odor e só manda o cónjuge tomar banho quando alguém reclama. Enquanto estava em Roma fiquei admirado com a Rosa, ela exalava um perfume mais gostoso do que a própria flor. Perguntei para minha irmã:
- Que perfumes agradáveis essas mulheres estão usando?
- Se não estou enganada a coroa, Lúcia está adotando Lily Essence e a jovem Rosa já deve ter ido à Espanha e comprado um Jennifer Lopez.
Sei que receberei críticas ao mencionar que o objeto de prazer de percepção do olfato foi adquirido na Península Ibérica, sendo Jennifer norte-americana, mas sua descendência é hispànica.
A mosca continuava a zumbizar, como diria Raul Seixas, nosso pavilhão auditivo.
Parece que a mosca não era católica. Nem bem iniciou a missa ela se mandou e nós acompanhamos concentrados a beleza que então se realizava. Meu pai babava ao olhar embevecido o sucessor de São Pedro. Flashes espocavam a cada segundo. Aquela hora e meia de orações passou rapidamente. Quando o Papa deu a benção, quem apareceu?
- O Roberto Carlos. Nada disso, foi a mosca mesmo.
Os fiéis deram passinhos à frente, aglomerando-se para poderem ver mais de perto o líder mundial da Igreja Católica, no passeio que faz no Papamóvel.
Apurei a vista, porque notei, próximo ao Pontífice, uma pequenina mancha escura. Seria a mosca? Estiquei o quanto pude o pescoço sem conseguir aclarar a dúvida. Seria a mosca? Foi então que olhei para o chão, pois alguém acabara de pisar sobre o meu pé, e vi a mosca: pisoteada, esmagada pelos fiéis.
Ela, apesar de ter vindo de tão longe, não viu o Papa de perto.



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