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cronicas-->Trotear ou trotar -- 02/02/2014 - 19:32 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Trotear ou trotar

Aroldo Arão de Medeiros

Procurei no amansa eu, amansa burro, e vi que existe uma pequena diferença entre as palavras trotar e trotear. A primeira significa andar (a cavalgadura) a trote e a outra passar trote. Resolvi dissertar sobre pequenos, médios e grandes trotes que aconteceram comigo e com os familiares.
Estava em minha mesa de trabalho quando o telefone tocou. Do outro lado da linha uma voz infantil perguntou:
- Tio, tem um carro de gelo em frete ao prédio.
Não sei de onde tirei a rapidez de raciocínio. Respondi no ato, sem delongas.
- Tinha, mas com o sol derreteu.
Escutei um xingamento e a mudez no aparelho.
Em outra ocasião estava deitado, belo e formoso, digamos que nem tão belo e nem tão formoso, quando a patroa, minha esposa, veio aos prantos, desesperada pedindo socorro.
- Sequestraram o Fábio.
Tomei o petrecho de suas mãos trêmulas e travei uma conversação mais ou menos assim:
- Quem está falando?
A voz que chegou aos meus ouvidos era berrada, querendo se impor.
- Tá pensando que é brincadeira? Senão der o que vou pedir imagine o que vai acontecer com seu filho.
- Meu senhor se não disser com quem estou conversando, terei que abortar a ligação.
- É a última vez que aviso...
- Infelizmente terei que cumprir o prometido.
Desliguei, sem dar chances ao provável meliante de falar alguns impropérios. Com a maior calma que Deus me deu pedi à mulher, que ainda estava em prantos: Passe-me o celular. Disquei os oito dígitos, que para a nervosíssima da minha esposa parecia ser uma dízima periódica simples ou composta, como queiram, infinita.
- Fábio, onde estás?
- Em Criciúma.
Conversa com a tua mãe, porque tu foste sequestrado.
Certo dia meu pai recebeu uma ligação de alguém que avisou ele haver ganhado na justiça uma nota preta. Para que o valor fosse liberado deveria depositar na conta do advogado a parte que diz respeito aos serviços prestados. O pai engalanou-se rapidinho, e já ia dirigir-se para pegar o ónibus, mas lembrou-se que o busão só passaria dali a meia hora. Comunicou o ocorrido à filha e foi até a casa do sobrinho para pedir uma carona de carro. Nesse interim a filha ligou para a nora, explicou os detalhes e mandou segurá-lo, pois com certeza era um trote. A esposa do filho reuniu um batalhão para ajudá-la e conseguiu convencê-lo. Quando o provável algoz telefonou ele, instruído pela galera, proferiu todo cheio de si:
- Deposite o valor a que tenho direito e desconte a quantia do advogado.
Ainda teve tempo de escutar um "filho da fruta" e a ligação evaporou-se.
Para finalizar, esse caso aconteceu há pouco menos de dois meses. Meu cunhado estava trabalhando na estofaria quando o telefone tilintou. Foi atender sem vontade pois estava cheio de serviço, quando do outro lado uma voz lhe chamava de tio. Ele perguntou.
- Quem está falando?
- Tio, não está reconhecendo a minha voz?
Ele pensou um pouco e disse.
- É o Anderson?
Foi a deixa que o farsante precisava. Contou que tinha batido o carro. Ele pediu licença entregou o aparelho ao irmão que labuta com ele, porque estava nervoso com a situação. O entrevero acontecera na BR 101, na cidade vizinha e precisava de R$ 1.350,00 para pagar um terceiro carro envolvido no acidente. Prontamente foi aceito o pedido e o dinheiro, em espécie, exigência do golpista.
Vinte minutos depois ouviram, de novo, o barulho medonho. Dessa vez o irmão, que estava um pouco desocupado, correu para atender. O vagabundo explicou que precisava de R$ 1.000,00 para pagar o guincho. Nesse momento ia passando o filho e sobrinho em frente à empresa e, colocado a par da situação, emprestou o faz-me rir da gang. Antes porém ele perguntou se o seguro não pagaria esse serviço. São ludibriados com a resposta: depois de feito o transporte do veículo, e em poder da nota fiscal de serviço, aí sim, seria ressarcido. Pensavam que estavam livres, mas vinte minutos depois, o falso Anderson aplica o golpe que fecharia a conta. Foram mais R$ 1.250,00 necessários para consertar a barra de direção, senão o veículo não sairia de cima da estrada. Tiveram que pedir para uma irmã que vive de aposentadoria e que guarda as economias em baixo do colchão.
Mais tarde atenderam a ligação saideira do falso motorista do guincho, Miguel, que em tom jocoso agradeceu de coração a contribuição efetuada.
Tenho dúvidas se os atingidos pelos farsantes foram troteados, sofreram trotes, ou foram trotados, andaram iguais a cavalo ou burro a trote.


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