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Infanto_Juvenil-->Soldadinhos que não eram de chumbo -- 08/08/2007 - 01:29 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SOLDADINHOS QUE NÃO ERAM DE CHUMBO

Hospedados em casa de vovô em Caçapava, todos os dias presenciávamos um espetáculo do qual gostávamos muito. Olhando pela janela, víamos os soldadinhos marchando pela rua. Eles davam a volta pela praça e depois sumiam, virando uma esquina em direção ao quartel.
Papai se vangloriava, dizendo que nossa terra estava livre de quartéis, tenentes e generais.

Mas nós, as crianças, descobrimos que por aqui também havia soldados. Nessa época eles nos serviam de pura diversão. Mais tarde percebi que significavam algo bem mais sério.

Às vezes eles passavam pela rua Visconde bem cedinho. Logo que ouvíamos aquele tum-tum de coturnos batendo os paralelepípedos, corríamos para o terraço. E lá vinham eles!

Não eram tantos como os da cidade vizinha. Dois ou três pelotões impecavelmente fardados. Um mar verde-oliva que se mexia sincronicamente. Pés que se levantavam ao mesmo tempo, braços se movendo exatamente na mesma direção. Quepes bicudos cobriam as cabeças.

Antes que pudéssemos enxergá-los, ouvíamos uma forte voz compassada vinda dos lados do largo do Rosário ditando os comandos: esquerda, direta, esquerda! Esquerda, direita, esquerda!
E os passos acompanhando.
Já bem em frente da nossa casa, o comando mudava: alto! Os soldadinhos paravam imediatamente.

Víamos, então, algumas manobras. Esquerda, volver! Todos faziam meia volta. E paravam ao mesmo tempo. Descansar! Todos separavam os pés. Direita, volver! Outra meia volta. Depois prosseguiam, batendo com mais força o pé esquerdo no chão, esticando bem a perna direita em largas passadas.

E seguiam pela rua naquela mesma cadência.
Mesmo sem conseguir enxergá-los mais, permanecíamos ali ouvindo a voz de comando e o som das botinas.

Alguns dias depois, a cena se repetia. E nós nos deliciávamos.

Até que certa vez, enquanto eles viravam os calcanhares para a esquerda e para a direita diante de nossos olhos maravilhados, um dos meus irmãos gritou: Oba! Hoje tem chapéu redondo!

Foi então que notamos a diferença na cabeça dos rapazes que cumpriam o Tiro de Guerra. Em vez do quepe bicudo, portavam naquele dia um capacete redondo.

A partir daquela data, “chapéu redondo” entrou para nossa família como sinônimo de novidade!




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