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Infanto_Juvenil-->O Bebê Vesguinho -- 09/08/2007 - 00:34 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Bebê Vesguinho


Nasci de oito meses e escapei da caixa de sapato, onde se costumava colocar os bebês prematuros por falta de incubadora. Encheram meu berço de algodão, puseram abajures em volta, tudo para me esquentar. Sobrevivi, sem maiores problemas.

A única coisa diferente que aconteceu é que lá pelos seis meses apresentei-me vesga. Levaram-me ao Instituto Bournier, em Campinas, o melhor centro oftalmológico da época. Tive que usar óculos a partir dos três anos.

O doutor fez mil recomendações: eu deveria usar os óculos constantemente; deveria fazer exercício com os olhos; teria que tomar injeções de vitaminas e, sobretudo, deveria poupar a visão. Não poderia ir para a escola, nem ao cinema. Aprender a costurar e a bordar, como todas as meninas faziam, nem pensar.
Quanto às costuras e bordados, segui à risca as recomendações. Sempre que alguém me apresenta uma camisa sem botão, já tenho a resposta pronta: “não posso, o médico proibiu”.

Comecei, então a usar os tais óculos, que me atrapalhavam bastante. Principalmente porque as crianças sempre brincam no chão e, por causa disso, ficam a maior parte do tempo com a cabeça voltada para baixo. Aquela geringonça escorregava e vivia caindo. O mais prático era tirá-la e deixá-la de lado, estivesse eu onde estivesse. Em geral eu estava no quintal e vocês podem imaginar por que lugares andaram esses óculos. Uma vez, papai chegou de carro e, ao se dirigir para a garagem, passou por cima deles. Viraram um montinho de vidro moído. Vibrei de alegria. Durante algumas semanas, até que os novos ficassem prontos, estaria livre e despreocupada...
Ao me lembrar disto, morro de pena do Zé Geraldo. Além daquele monte de boquinhas para alimentar, mais essa! Os óculos sempre custaram muito caro.

Quando completei sete anos, minha mãe desobedeceu as ordens do médico: matriculou-me na escola. Ainda bem.
Sem pregar botões até que podemos sobreviver. Mas, e se eu tivesse ficado analfabeta?... Já pensou?
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