Atendia a acidentes ferroviários e logo que era notificado sobre o local, partia de caminhonete junto com o motorista Benedito, antecedendo à composição de socorro. Já eram mais ou menos 23 horas, tremenda escuridão e sabedor que Benedito tinha verdadeiro pavor de cobras, fiquei imaginando como pregar-lhe um susto. O acidente se deu nas proximidades de Taubaté/SP. De longe avistamos a composição acidentada mas não havia acesso para a viatura. Somente eu com uma lanterna e Benedito atrás, fomos andando. Falei para ele: Olho vivo Benedito, em linhas ferroviárias, são comuns a presença de cobras devido às pedras, graxas, óleos, e pequenos ratos que vêm à cata de farelos de trigo que sempre vazam dos vagões. Portanto, cuidado onde pisa.
Em dado momento, conseguindo me conter para não rir, dei um pulo e gritei:
-Atenção, cobra, cuidado!
Benedito, juntou os pés, flexionou os joelhos e de mão cruzadas sobre a cabeça, gritou:
-AI JESUS, NOSSA SENHORA, TODOS OS SANTOS, ME PROTEJAM!
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