O reino divino
Fernando Zocca
É meu amigo, nós não podemos e não devemos mesmo fazer ou desejar o mal para os outros. A coisa é séria. Não é brincadeira daquela gente mais velha quando diz mais ou menos assim: “Não faça aos outros, o que você não deseja para si”. Ou ainda: “Faça ao seu semelhante aquilo que deseja que façam a você”.
Isso tudo não é papo de gente velha, de jeito nenhum. Aquelas regras todas vêm expressas em livros antigos e foram coligidas com o passar dos séculos.
E por estarem presentes até hoje, depois de tanto tempo, nos dão a certeza de que continuam certas e válidas.
Sabe, o que nos entorpece a alma é a diretriz que indica serem os bens materiais mais valiosos que os dons pessoais. Os valores do espírito precisariam evidenciar-se mais do que a imposição social pela posse de bens materiais.
Existe aquele linguarudo que diz: “Qualquer ladrão tem apartamento de luxo e carro importado”. Tudo bem, isso não deixa de ser verdade. Mas se a pessoa para destacar-se precisou subtrair a coisa alheia para si, então ela caiu numa armadilha perigosa.
Eu acredito que, antes de tudo, deveríamos buscar digamos, o reino de Deus e sua justiça, quando então todas as demais coisas nos seriam acrescentadas. É por ai o caminho.
Mas não é fácil transitar por essa estrada. Apesar da aridez, do sofrimento, dos desalentos, você poderia perceber quando chegassem os tempos de transição. Você notaria quando seu navio estaria pronto para o atracamento.
Sem a base espiritual aquele reino todo que se constrói pode ruim assim, sem mais nem menos, pois foi mesmo erguido sobre uma base de areia. Não dá certo.
E nesses tempos, em que o excesso de apelos pela mídia, é tão intenso e eficaz, se não houver a tal base sólida, corre-se o risco de ver a ventania levar a edificação, sem choro, nem vela.
E depois de tudo, meu amigo, quando chegar a hora derradeira, aquele momento único em que de nada adiantaria o poder financeiro do universo todo, naquele momento em que estarão sozinhos você e sua consciência, você veria que não valeram os sofrimentos todos para a manutenção do status, das aparências.
Que seja na paz do alento sereno, e envolto nas cãs da senectude, o seu transpasse para o reino divino.
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