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Contos-->O suicídio frustrado -- 03/10/2001 - 08:28 (Plácido Fecundo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos ficaram atônitos diante da cena: um cara no décimo andar do Manoel Pinto da Silva, o prédio mais alto da cidade. A multidão, em frenesi diabólico, alternava a vontade de vê-lo a salvo com a de querer ver pedaços de carne no chão.

A pergunta que premia aquela gente era: o que leva um homem a um grau de desespero tão grande a ponto de optar pelo suicídio, pelo fim compulsório da vida? Todos vamos morrer, caceta, mas dessa forma? Não que a morte por velhice seja mais natural do que o suicídio, ou de um ônibus amassando um corpo no poste. Morrer é o fim natural do processo. Contudo, aos trinta, provável idade do desesperado prestes a morrer, o que ele já vivera de bom, de gostoso, que lhe desse vontade de continuar vivo? No outro oposto, o que de tão ruim lhe teria acontecido pra querer morrer daquele jeito? Terá sido um enfeite em forma de chifres? Uma dívida impagável, um amor irrealizável ou mesmo uma dessas loucuras que assaltam os homens levando-os a produzir ações das mais absurdas como aquela que estávamos prontos a assistir?

De repente, eis que surge uma equipe de profissionais da imprensa. Câmeras, fotos; daí a pouco surge o som escroto das sirenas dos bombeiros. Pensamos: o cara vai ser salvo.

Imediatamente, o que parecia ser o chefão da operação salvamento olhou para nós e disse: “Por favor, afastem-se um pouco; evitem o tumulto, eles já vão começar a filmar.” Tratava-se de um filme americano, com tomadas no Manoel Pinto.

Os que esperavam ver o cara salvo, assim como os que o queriam mortinho no chão, saíram frustrados. Naquele dia nossos melhores sentimentos, a esperança da vida, e os piores, o desejo de sua extinção, foram dominados pela fantasia. Naquele dia, a arte impediu que a estupidez humana ganhasse mais adeptos. E todos seguimos nossos caminhos. O filme ainda não foi concluído. Talvez alguns de nós apareçam nas telas dos cinemas sem ter o seu nome nos créditos, afinal, na vida não somos todos figurantes?
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