UFANISMO BARATO
Paulo Carvalho, 14/4/2014.
Chega! Não me venham com esse papo de que o brasileiro é um povo bom, cordato, honesto, trabalhador, pacato... Mentira! Conversa! Somos, na verdade e cada vez mais, uma gente mal-educada, violenta, desonesta, indolente, estúpida e libidinosa.
O mais nacionalista e patriótico dos poetas brasileiros, Gonçalves Dias, no famoso poema “Canção do Exílio”, exaltou as belezas e encantos da terra e da gente brasileiras:
“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiácute;;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lácute;.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas vácute;rzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores...”
Patriotismo além da conta, poeta... Se algum dia fomos assim, hoje jácute; não somos. Nossa terra, na verdade, é tão bonita quanto muitas outras, basta viajar para ver isso, e nosso povo é hoje conhecido mundialmente por sua pouca cultura, pelo apego à esperteza e à malemolência, pela aversão ao trabalho, por sua exagerada desinibição e transbordante sensualidade.
Não nos destacamos em absolutamente nada, a não ser em alguns poucos esportes ― futebol, como sempre, o principal deles. Jácute; não somos os maiorais desse esporte, mas ainda figuramos como um dos principais exportadores mundiais de craques. E só. Nas artes, nas ciências, na cultura, na pesquisa, na tecnologia, nenhum nome se destaca. Se na música e no cinema tivemos algum dia um fugaz brilhareco, hoje, nem isso.
Nosso povo é ostensivamente avesso a estudo e trabalho e fascinado por futebol, festas e novelas. O mais triste é que o próprio governo incentiva isso. O Ministério da Educação, por exemplo, dácute; a impressão de trabalhar, paradoxalmente, para uma verdadeira boçalização dos estudantes, enquanto promove acintoso proselitismo ideológico nas escolas. O sucesso obtido por alunos dos Colégios Militares, por exemplo, inclusive em âmbito internacional, parece incomodar e contrariar os planos do governo, que não esconde seu desejo de nivelar por baixo, trazendo esses poucos oácute;sis no deserto de mediocridade que é o ensino no país, para o baixo nível da maioria das demais escolas.
Não se valoriza mais a verdade, a honestidade, o respeito, a lisura. A famosa “Lei de Gérson” é que rege o relacionamento entre as pessoas. Mais importante que ser honesto é ser esperto, melhor ser feliz do que ser justo, antes os prazeres que os deveres. Ninguém mais parece incomodar-se muito com a pecha de desonesto, mas passar por otácute;rio, nem pensar!...
Ontem mesmo tivemos um exemplo disso. Terminado o jogo Vasco x Flamengo, que decidiu o campeonato estadual do Rio a favor do clube rubro-negro no último minuto, graças a um gol de empate notoriamente irregular, mas validado pelo ácute;rbitro, o goleiro do Flamengo saiu-se com essa pérola: “roubado é mais gostoso”. Certo, sei que o sujeito tem pouca educação, que foi no calor da disputa, na euforia pelo título, mas isso reflete bem a estreiteza moral e ética que acomete o povão. Aliácute;s, não só o povão, haja vista o comportamento quase obsceno de políticos comemorando de braços erguidos e punhos cerrados o êxito da corrupção, ou uma deputada numa dança desengonçada em plenácute;rio, dando a mínima para o decoro, feliz pela aprovação de projeto fajuto de seu interesse.
Não acho que um povo que hácute; doze anos, mesmo vendo escândalos se sucederem em ritmo espantoso, elege e reelege gente como essa que nos governa mereça conceito melhor. A leniência com a corrupção, a ingenuidade e o desinteresse pela política, a facilidade com que é manipulado pela propaganda, a aceitação da mentira como instrumento político vácute;lido e a comodista entrega ao governo de toda a competência para prover o seu bem-estar e de sua família, isentando-se de responsabilidade individual, desmentem esse mito do bom selvagem, do povo bom e valoroso.
No dia em que formos parecidos, por exemplo, com alemães, israelenses, coreanos ou japoneses, gente séria e honesta, que trabalha e estuda com afinco, que respeita a meritocracia, que cultua valores, seremos merecedores dos versos ufanistas do poeta Gonçalves Dias e estaremos, aí sim, abrindo caminho para um futuro mais radioso para o nosso país.
MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
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