Um dos gestos mais profundos de imersão na ancestralidade africana é revelado pela relação mãe/filho. Os retratos poéticos das mulheres negras afrodescendentes, caracterizados pelo traço forte de maternidade na tradição africana, dizem de sua coragem frente à dura realidade de sociedades racistas e colonizadas. No poema de Hughes, De Mãe para Filho, a mãe conselheira diz para o filho «Como a vida não tem sido nenhuma escada de cristal»:
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DA MÃE AO FILHO
Well, son, I ll tell you:
Life for me ain t been no crystal stair.
...
Olha, filho, ouve o que te digo:
P ra mim a vida nunca foi escada de cristal.
O que mais tive foram pregos levantados,
E farpas,
E tábuas podres,
E sítios sem tapete no chão -
Vazios.
Mas tenho vindo
Sempre a subir,
A chegar a patamares,
A dobrar esquinas,
E às vezes vou pr ó escuro
Onde não há luz.
Por isso, filho, não voltes atrás.
Não te sentes nos degraus
Pois hás-de ver como são duros.
Não caias agora -
Porque eu cá vou indo, querido,
Cá vou subindo,
E p ra mim a vida nunca foi escada de cristal.
postado por Heleida, 2007
(*)fonte: Langston Hughes, 1951 - Tradução de Hélio Osvaldo Alves - "Também Eu Sou A América"
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