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Contos-->Um dia de merda -- 04/10/2001 - 12:00 (ADOLF HITLER) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aeroporto de Buenos Aires, 15:30 hs.

Pequeno mal-estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada e uma barrigada não aliviasse. Mas, atrasado para pegar o ônibus que me levaria para o aeroporto, do outro lado da cidade, de onde partiria o vôo para Córdoba, resolvi segurar as pontas, "afinal de contas, são só uns 15 minutos de viagem." Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta tranqüilo. O avião só sairia as 16:30. Entrando no Ônibus, sem sanitários, senti a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal chegará ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto. Virei para meu amigo que me acompanhava e sutilmente, falei:

"- Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um barro."

Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e segurei a onda. O ônibus nem tinha começado a andar quando para meu desespero, uma voz em castelhano disse pelo auto-falante: "senhoras e senhores, nossa viagem até o aeroporto levará em torno de 1 hora". Ai o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo ! Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem de merda que estava para chegar na estação ânus a qualquer momento. Suava em bicas.

Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado alí. Tentava me distrair vendo a paisagem mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário, tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico então: era branco e macio e com textura e perfume. Ops !!!!

Senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi consternado que havia cagado. Um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que dá vontade de ligar pros amigos e parentes e convida-los a apreciar, na privada, tão perfeita obra. Daria para expor na bienal. Mas sem duvida, não nesse caso. Olhei para meu amigo, procurando um pouco de solidariedade, e confessei sério: "Cara, caguei."

Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou-me a ficar no centro da cidade, escala que o ônibus faria no meio da viagem, e que me limpasse em algum lugar. Mas resolvi que ia seguir viagem, pois agora estava tudo sob controle. "Que se dane, me limpo no aeroporto," - pensei - " pior que isso não fico."

Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte. Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta vez como uma pasta morna. Foi merda para tudo que é lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilhas, calças, meias e pés. E mais uma cólica anunciando mais merda, agora liquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo a liberdade.

E depois um peido tipo bufa, que eu nem tentei segurar, afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava todo cagado. Já o peido seguinte foi do tipo que pesa e eu me caguei pela quarta vez. Lembrei de um amigo que, certa vez, estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca, mas colocou com as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tira-lo, levou metade dos pelos do rabo junto. Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas. Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei a falta de papel higiênico em todos os cinco.

Olhei para cima e blasfemei:

"Agora chega, né ?!"

Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que conclui como sendo o fundo do poço) e esperar pela mala da salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia.

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o "check-in" e ia correndo tentar segurar o vôo. Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto de minha parte. Ele tinha despachado a mala com roupas. Na mala de mão só tinha um pulôver de lã gola "V". A temperatura em Buenos Aires era de aproximadamente 35 graus. Desesperado, comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis.

Minhas cuecas, joguei no lixo. A camisa era história. As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de cor tingidas pela merda. Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10. Teria que improvisar. A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnífica máquina de lavar. Virei as calças do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água. Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu. Estava pronto para embarcar. Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meia, as calças do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola "V" sem camisa. Mas caminhava com a dignidade de um lorde.

Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o "RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO" e atravessei todo o corredor até o meu assento ao lado do meu amigo que sorria. A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo. Eu cheguei a pensar em pedir uma gilete para cortar os pulsos ou 130 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante, mas decidi não pedir e respondi:

" NADA, OBRIGADO, EU SÓ QUERIA ESQUECER ESTE DIA DE MERDA!



*** O Autor desta obra-prima é desconhecido...
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