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Poesias-->Triste existência -- 11/04/2000 - 16:29 (Jorge Rondelli da Costa) |
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Está se aproximando o momento santo
de me lançar à noite e descobrir seus mistérios.
É sexta-feira, ainda bem, é noite.
Chego ao bar.
O garçom circula entre as mesas preparando-as para receber as pessoas.
Meus amigos devem estar chegando.
A noite acalenta um mistério santo e propicia uma paixão vulgar.
As damas da madrugada estão à espera. Retocam o batom para atrair ávidas bocas desejosas de amor.
Que alimento acalma mais a alma do que uma generosa dose de uísque?
Os pares rodopiam embalados por melodiosas canções.
O cotidiano é brevemente esquecido. Pudera, já estou um tanto embriagado. Não pela bebida, mas pelo enfumaçado ambiente.
Por instantes lembro que um dia tive uma família.
Não consegui mantê-la. A noite venceu.
Aos poucos os amigos vão indo embora.
A saideira está por vir.
Minha visão agora está realmente turva.
Nessa hora todas as mulheres são belas.
Os primeiros sinais de um novo dia já se fazem anunciar.
Mais uma noite. Mais uma noite e não consegui encontrar comigo mesmo.
Estou à deriva. À deriva do mundo, da vida, à deriva de mim.
Sou um trapo. Naõ consigo encontrar meu caminho. Estou perdido pelos atalhos. Pelos atalhos de minha existência. Triste existência.
Mais ainda vejo uma luz.
Levaram-me para casa. É a luz do abajur. |
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