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cronicas-->DECLARAÇÃO DE NULIDADE -- 04/05/2014 - 10:16 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

No silêncio de sua dor, Morgana pensava no dia em que  de véu e grinalda, subiu os 382degraus da escada da Penha, um por um, como se percorresse o caminho do Calvário. Estava linda! Era uma princesa em carne e osso. Seu vestido preto trazia nuances amarelas nos mesmos tons do convite de casamento. A lista de convidados dos Castros compunha um rol de amizades rotas: pessoas que preferiam não mostrar o rosto ao lado de Martiniano, viam-se obrigadas a cumprir um compromisso social para que, no futuro, não lhes faltasse dinheiro nas meias. E, embora procurassem evitar fotos que revelassem fatos, autoridades civis, militares e eclesiásticas, estavam na festa. Pobre sacerdote! Não segurava o sorriso aberto aos ricos e fechado aos pobres.

Durante a festa, o religioso bebeu em demasia, e falou mal do padre Davi, da vida desregrada, dos amores clandestinos que  aquela ovelha tresmalhada tinha. Mas, percebendo que cometia um crime contra o patrimônio da Igreja; emendou: “Santo Agostinho também viveu a concupiscência da carne, confessou publicamente seu pecado e tornou-se Mestre e Doutor da Igreja. Padre Davi se casou com a mulher de seus antigos amores, e reparou um erro diante dos homens. Por certo também obteve a graça e misericórdia de Deus”.

Em casa, naquele dia, Cristiano caíra em sono profundo e sequer pôde desabotoar o vestido da noiva. O casamento tinha sido um vexame. Morgana acordou virgem, na primeira, segunda e terceira noites de casada. 

— Não dá para anular meu casamento?

Frei Gaspar  olhou por cima dos óculos, arrancou um leve sorriso abafado  na dor  de ver a desconstrução da família.

— Você não é a primeira, minha filha, ainda nos idos de 1667,  Dona Maria Isabel de Saboia, que também não teve nenhum filho, pediu Declaração de Nulidade do seu casamento com o vitorioso Dom Afonso e se casou com um irmão dele.

O frei esticou  a mão, puxou do meio de outros livros a obra do padre Jesús Hortal, e entregou a Morgana.

— Leve para casa. Leia e me procure depois, se achar que deve. Doze meses e o ato  não foi consumado?

—Não! Não foi!

– Esse casamento não valeu nem diante de Deus nem dos homens!  Existem casamentos que nunca deveriam ter existido.  Anular um casamento é impossível, mas declarar NULO é outra coisa.

— Que devo fazer?

—Há modelo próprio para montar o processo de nulidade. Pelo que me dizes, o rapaz se casou bêbado e está bêbado até hoje. O Tribunal Eclesiástico analisará com carinho teu pedido, caso queira fazê-lo. Nunca  se esqueça que a vida corre como um trem sobre os trilhos e é preciso passar com segurança em cada estação.

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