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Cronicas-->Escreveu não leu... -- 26/05/2001 - 20:08 (Alberto D. P. do Carmo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A culpa é sua! Toda semana é a mesma coisa. Eu tenho que inventar alguma abobrinha e torcer, para você ler até o fim. E ai de mim se você se encher no meio do caminho, ou cismar de virar a página. E isso sem considerar a concorrência desleal da manchete na cara do jornal. E a coluna social? Ou a página de esportes. É só ter goleada que eu passo a pão e gemada. Você passa direto, dribla um, dá um chapéu no "Caderno Dois" e eu que fique para depois. Eu queimo as pestanas e basta o governador levar uma ovada, que você sai atropelando até o caderno "Cidades". Isso é marmelada!
Se tiver terremoto, você vai ficar tremendo. Se houve denúncia, você lê correndo. Se foi caso de enchente, você fica em cima do muro. Se falarem de assalto, você bambeia as pernas e não lê mais nada. E eu? Como é que eu fico?
Se o Spielberg lança algum filme, você fica com fogo no rabo para assistir. E se privatizam você só pensa em investir. Isso é concorrência predatória.
Vida de cronista é uma dureza. Você escreve e aguarda os comentários. Corre o risco de ser lido no banheiro, na lavanderia, no semáforo, no quintal e até na casa da sua sogra. E vai saber o que será feito daquela página depois.
Sabe o que é andar displicentemente pelo mato e notar que alguém utilizou o seu espaço atrás de uma moita para... Bem, deixa pra lá. Na hora do aperto ninguém respeita ninguém. Mas arranhou meu ego.
Você já pensou na sua responsabilidade como leitor? Pensa que é só ler e fica o dito pelo não dito? Você tem obrigações a cumprir. Senão vejamos.
Você consegue entender o engodo que vem embutido no título, cujo único objetivo é despertar sua curiosidade? A gente conta com a sua perspicácia, não nos desaponte. Leia em voz alta se necessário. Perceba que ele esconde algo interessantíssimo de ser lido logo abaixo. Não faça corpo mole, nem perca essa oportunidade semanal de ilustrar sua vasta cultura. Sempre cabe mais uma. Leia sem medo de ser infeliz. Cronicas são coisas alegres. No máximo irónicas.
Intrigou-se com o título? Ótimo, você já foi fisgado, isto é, mostrou que é um cara sabido, ou uma moça prendada. Vamos ao próximo passo.
Notou que o primeiro parágrafo é uma pérola que brotou repentinamente numa mente privilegiada? Leia sofregamente, soletre se for preciso. É no primeiro parágrafo que reside o "X" da questão, ou o meu ganha-pão, se preferir. Se você passar por ele o resto será indolor, você nem vai sentir. Portanto, concentre-se nessas bem-traçadas linhas que inauguram essa bobagem.
Se leu o preàmbulo sem piscar, nem pestanejar, meu dia está ganho. O resto é comigo. Eu saberei enrolar sua atenção. Digo, saberei conduzir seu raciocínio invejável. E pode ter certeza que eu preparei um final especialmente dedicado a você.
Siga em frente. Vá degustando esse desjejum bem temperado, que eu fiquei cozinhando um dia inteiro por sua causa. Sinta o aroma das metáforas. O buquê das silépses, o gosto encorpado das prosopopéias. Note a elegància das coordenadas assindéticas e escute atento, com voz passiva. Desfrute sem eira nem beira. Estamos rumo ao clímax. Relaxe.
Acha que é pedir demais? Sabe o que é enfrentar o seu humor oscilante, TPMs, brochadas, ressacas, brigas com o namorado e ainda ter que levantar o seu astral?
Vamos fazer um acordo tácito. Você fica aqui. Eu fico aí, refestelado na poltrona, folheando, comendo bolinho de chuva e tomando café passadinho na hora. E você vem enfrentar o Gutenberg. Vamos ver como se sai. Convença-me a lê-lo porque qui-lo.
Quero ver você escrever uma ou duas laudas de miscelàneas sortidas, na base do chá com torradas.
Pode acender um cigarro tranquilamente.
- Foi bom pra você? Francamente!




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