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Cronicas-->O pai do pai da criança -- 28/05/2014 - 09:02 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O pai do pai da criança

Aroldo Arão de Medeiros

Mário tem 50 anos e pensa que é jovem. Gosta de rock e pagode. O som do carro está sempre no volume máximo.
O filho mais velho, que quando nasceu deveria ter outro nome, hoje está com vinte anos. Torcedor fanático do Botafogo queria que o nome do primeiro filho fosse Perivaldo. Todos foram contra e o menino passou-se a chamar Sandro.
Mário desde que se casou até hoje não se impõe. Todos mandam nele.
A única promessa para mudar a situação vai demorar um pouco para ser cumprida. Ele diz que um dia vai ter várias mulheres, vai bater na esposa, vai ser brigão e terá todos os vícios e defeitos possíveis. Essa espera um dia vai acabar, pois a mudança será na "outra encarnação".
Sandro teve um filho que Mário faz questão de proferir:
- Jorginho é filho do meu filho, ou sou pai do pai da criança, pois se me chamarem de avó, eu brigo.
Só que ele não briga nunca, pois a primeira coisa que tiraram dele foi o seu quarto e ele nada falou. Como a casa só tem essa suíte, este quarto foi cedido para a nora e o filho do seu filho.
Além de Sandro tem outro dois filhos. Como é natural de Bolotas, cidade conhecida como antro de gays, ele costuma pronunciar que só fez filhos homens porque como bom Bolotense só gosta do sexo forte.
A nora trouxe a tiracolo a mãe e aí começou a tristeza do Mário e da esposa. A criança fica o dia inteiro entre a nora e a com-nora, é assim que ele chama a mãe da nora.
Quando a nora teve o filho ele foi de manhã visita-los na maternidade. Como se considera tímido levou um amigo da família consigo. Esse amigo levou um buquê de flores de presente para a parturiente. Na maternidade foi barrada a sua entrada porque a visita só é permitida de tarde. O amigo, liso como é, conseguiu ver a criança, pois deu a desculpa de entregar o belo ramalhete.
No outro dia conseguiu segurar a criança no colo, na maternidade por cinco minutos.
Ficou quinze dias sem ver o neto. Decepcionou-se quando viu o neném, pois afirmaram que os olhos eram azuis e o menino não abriu os olhos, estava dormindo o tempo em que ali permaneceu. Para ele todos os recém-nascidos são iguais: banguelas, quase carecas e tem dois furos no nariz. Não consegue ver similaridade da criança com os pais, avós ou quaisquer outras pessoas. Ficou contente quando disseram que a testa era a sua, mas infelizmente somente quando Jorginho franze a mesma.
Com o afastamento temporário do neto de seus braços apegou-se mais ao seu cachorrinho, um poodle toy. Pegaram-no a falar com o cãozinho dessa maneira: biu, bilu tetéia.
Não é mera coincidência se o autor desta crónica enxergar o personagem no espelho.


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