A Lua
A professora ensinou que as marés influenciam a lua, mas maré cheia tem todo dia e lua cheia, só uma vez por mês. Elas se enchem em momentos diferentes, assim como eu me “enchia” de estudar geografia.
O contrário de lua cheia é lua nova, aquela que não conseguimos enxergar. Eu pensava que era porque durante a minguante ela minguava demais e ficava feito uma bolinha lá no céu, misturada com as estrelas.
Ouvia dizer que o amor também tem tudo a ver com a lua. Não é porque os namorados olham para ela hipnotizados. É que se o amor não cresce, faz como a lua, “mingúa”, pensava eu.
Disseram que a lua ficava parada, mas não era isso que eu percebia quando viajava à noite. Para onde quer que a gente fosse, lá estava ela andando ligeiro, quase apostando corrida com nosso carro. Se mudássemos de estrada, ela mudava também.
E agora me digam, é fácil entender isso?
Para complicar ainda mais, às vezes ela aparece de dia... logo cedo ou no finalzinho da tarde.
Achava bonita a lua cheia nascendo no mar, grande e vermelha. Tinha vontade de andar pelo rastro luminoso que ela fazia na água. Quando já estava clarinha lá no alto, eu olhava bem e via sombras se mexendo. Certamente tratava-se de São Jorge lutando com o dragão.
Agora, vejo sempre uns astronautas boiando, de braços abertos, tentando pôr os pés naquele chão ressecado e cheio de crateras. Perdeu um pouco da graça, embora sua luminosidade prateada ainda me fascine.
Quanto à lua crescente, parecia mais um queijo gostoso que eu tinha vontade de morder.
|