No furacão de coisas e notícias ruins que nos assolam, há brisas suaves para nos aliviar. Pude vivenciar isso na semana passada, dia 29/8/7. Não sei nem por onde começar. Começo por você, Raquel, professora doutora da PUC, Sorocaba, na área de enfermagem, uma figura suave (como a brisa), delicada, firme nos propósitos, um encanto de pessoa e uma profissional nota mil.
Você, como incentivadora e coordenadora do Nefroriso, é nota milhão e tanto. Quatro vezes por mês, durante algumas horas, a sua equipe leva o riso para os pacientes de hemodiálise na nefrologia. Não sei se consigo explicar, mas a hemodiálise é um procedimento que filtra o sangue e retira substâncias que, em excesso, trazem prejuízos ao corpo. Em geral, as pessoas vêm para fazer hemodiálise três vezes, durante mais ou menos quatro horas cada sessão. Creio que ficar ali não é o que se chama de agradável, pois ficam deitadas e o sangue “tomando um banho para se limpar”. Porém, no dia do Nefroriso, as pessoas limpam a alma, e ficam mergulhadas na alegria.
A equipe de seus alunos e ex-alunos, Raquel, abraçaram a causa mesmo! Vestem-se de palhaços, com a devida maquiagem e, principalmente, com uma energia de amor, solidariedade e alegria. Além dos alunos, o pessoal da enfermaria, com um maravilhoso trabalho que já fazem, verdadeiros anjos de luz intensa, nesse dia vestem a camisa do riso, batem muito as asas, e tornam-se melhores do que já são. A sala fica um auê! O trabalho desses anjos continua acontecendo com toda a habilidade, mas fica tão sutil que só percebemos o farfalhar das asas quando andam e dançam.
As atividades acontecem. É o jogo de bingo - excelente acelerador do tempo e que faz também uma bela faxina nos pensamentos, deixando tudo limpinho. A música (ao vivo) – encanto que faz olhos brilharem, pés que dançam como se fossem o corpo todo, vozes (dos mais desinibidos) que se soltam e um coral se instala. A equipe de palhaços – a alegria infantil eterna! É impossível não soltar o riso, aquele pra valer, aquele que dizem despregar bandeiras. As brincadeiras acabam dando sangue novo a todos os pacientes e a todos os participantes, ainda que cansados fiquem.
A sala, que geralmente fica quieta, apenas com o discreto som da TV, para distrair ou mergulhar no sono, fica diferente: assume a cor e o som de viver a alegria do momento, mais o calor dos cuidados e carinhos de todos. Na hora de ir embora, os pacientes concordam que o tempo voou e, muito agradecidos, ficam de olhos marejados enquanto outros deixam a lágrima se mostrar inteira.
E eu, que participei fantasiada de perua, no máximo do exagero, só não chorei porque melhor seria sair deixando só risos. E, também, porque foi uma grande alegria para mim, aliás dupla: por receber seu convite, Raquel, e por vivenciar um trabalho tão maravilhoso que, de quebra, evoca uma lembrança de meu pai.
Um imenso abraço e minha reverência
PS. Algo que me levou ao riso: uma senhora se encantou comigo, dizendo: “você lembra tanto uma prima minha que gosto demais. Ela é bem perua. Muito mais do que você, chega a estar com dez colares cada vez”. Eu ri muito. Ela fez questão de tirar uma foto comigo para levar à querida prima!
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