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Cronicas-->Nas ladeiras do rio -- 25/06/2014 - 21:21 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

"Não tem soma, nem contei
Quantas cabaças quebrei
Lá nas ladeiras do rio."
(Fidélia Rocha)

 

Quero escrever tomando como apoio alguns versos da Fidélia, porque eles me fazem lembrar uma cena registrada em minha memória. Mas se eu contar logo, a crônica acaba aqui mesmo. Então, como farei para encher linguiça e gerar expectativa no leitor?  Primeiro, devo dizer que não foi exatamente nas ladeiras do rio que quebrei a cabaça, ou as cabaças, pois não sei a soma, nem contei...

Naquele tempo no Rodeador, as famílias mais abastadas, tinham suas propriedades ribeirinhas e também os retiros de invernada, onde ficava a maior parte de seu gado e para onde se mudavam, temporariamente, na época das chuvas.

A maior delas, se me parece, ainda é a Santa Rosa dos Batistas, cujo tronco velho, Sr. João Antônio, chamávamos de tivontõe. Também tinha a “Serra Vermelha” de Antônio Joaquim; a Serra dos Bilros dos Ciprianos; o São José de tio Cândido; o São Benedito de meu pai, e outras tantas, cujos nomes não declino,  para que a narrativa não se torne um inventário.

Vamos ficar então, com o São Benedito e direcionar o foco para a época dos tratos culturais da mandioca, que meu pai plantava por lá. Confesso que foi no São Benedito a noite mais bonita e o sono mais profundo que tive nesses mais de sessenta janeiros de existência desta pobre alma. Sem dúvida, o sono mais gostoso e reconfortante de minha vida, foi aquele no fundo da rede que meu pai armou nos esteios do aviamento. Era uma noite de lua clara e a casa de farinha não tinha paredes laterais. Meu pai armou minha rede, depois a de José Lima e em seguida, a dele. Deitamos com o luar e acordamos nos primeiros raios de sol.


Àquela hora, três enxadas nos esperavam.


Meu pai deixou uma panela de ferro com feijão, toucinho e fogo aceso numa trempe de pedras. Mais tarde, lá pelas nove horas, ele me disse: “ Bertim, vá atiçar o fogo na panela!” Eu fui, fui,com muita alegria. Primeiro, pelo descanso. Ia ficar alguns minutos sem puxar enxada ... e depois, por causa da intenção de dar uma “beiçada” no toucinho. Claro, que não comi tudo, dei só uma dentada! 


Mais tarde, chegada a hora do almoço, o pai jogou arroz na panela do feijão, que já estava cozido e ali mesmo nos alimentamos fartamente.


Aconteceu que no dia seguinte, a água de beber acabou e me coube a missão de ir ao barreiro encher a cabaça. Eu tinha uns dez anos de medo, medo de onça, de raposa e de todo bicho do mato. Até caburé me assustava! Mas fui, fui e enchi a cabaça até o colo. Enchei-a e comecei descer a ladeira na pisada do gado, que formava um sulco entre as rochas. Foi nesse corredor estreito que a cabaça se chocou no barranco e fiquei só com a cordinha na mão!

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