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Cartas-->Escrever - simplesmente escrever - eis a questão -- 25/09/2007 - 23:02 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Resposta a uma questão colocada por Marilene Cahon Pieruccini

Marilene,

Você convidou os colaboradores do site da Magriça a se pronunciarem sobre o " arquétipo que dirige o fazer literário" de cada um.

Ao ponderar sobre sua pergunta, achei que a melhor maneira de responder a você e satisfazer a curiosidade dos leitores, seria oferecer algumas considerações que pudessem atender sua pergunta.

Acredito que no que me diz respeito, não há rigorosamente "um arquétipo" específico que oriente minha prática literária. Se houvesse "um arquétipo" acredito que seria o eu profundo que caracteriza minha personalidade. Trata-se de uma personalidade que sente a vida e ama viver, e que tenta tenta escolher caminhos que lhe dêem realização, satisfação e muita paz para viver.

Achando que não há em mim "um arquétipo específico e exclusivo" de criação literária, vou entretanto dizer-lhe que trabalho, como é natural, com algumas tendências que estão mais diretamente ligadas à psicologia da minha atividade literária. E passo a dizer-lhe quais são.

Primeiramente, devo declarar-lhe que gosto muito de escrever. Seja poesia, seja ensaio, seja dissertação, artigo, poesia, crônica, conto, ou tese. Gosto de escrever. Escrevo dentro de projetos pré-elaborados, mas escrevo sobretudo dentro das circunstâncias que a vida me oferece. A vida, em seu sentido global é a grande força que me "leva" e me "incita" a escrever. Tem sentido profundo a escrita para mim. Sou uma pessoa que encontra na escrita ocupação, prazer, busca, compromisso, desenvolvimento, desvendamento e manutenção da vida interior e mental. Ela me oferece também os caminhos da produção, da divulgação e da disseminação de conhecimentos. Neste impulso da escrita, que em mim se afirma como exercício e ocupação vital, eu atuo através de alguns fatores essenciais que acho ser importante declarar para você e para os leitores.

Pela análise que faço de mim mesmo, atuo na escrita pela vontade que tenho de ser, pela vontade de estar na vida e no mundo e pelo prazer de registrar o acontecer. Como poeta lírico e amoroso, escrevo pelo desejo de fruir a beleza do mundo, e pela vontade de cantar o amor e a vida. Como escritor e pensador, escrevo pelo desejo de conhecer, de estar com os outros e de conversar com eles. Intimamente, além do prazer da comunicação, eu prezo, na profundidade de minha alma, o prazer da expressão. Escrever é para mim a busca da palavra, uma sustentação e uma viagem pela palavra, um aprofundamento de mim mesmo pela palavra, um contato e uma sondagem reveladora frente ao mistério da linguagem!

Não sei se tudo isto poderia ser representado por um "arquétipo". Só sei que não há um padrão "exclusivo" em mim. Não há uma modelação rigorosa, não há um escritor "modelo" ou padrão que eu represente! Também não há em mim uma aspiração única, não há um modelo teórico único! Falando de arquétipo, por isso, em mim não há Platão com seus arquétipos ou exemplares, embora os admire, não há Porfírio, nem Boécio, nem Abelardo nem sequer Jung, que conheço. Mas há um Jan Muá e todos os seus manos. Eles são os mestres. Eles convivem, eles me ensinam, eles me representam. No meio de tudo, há o João Ferreira, e todo o impulso vital que me habita. A alegria de viver que me atualiza e me faz! Há todo o meu ser que me toma e me anima. Há um eu que se desdobra e que animadamente caminha pelas vias do mundo e capta e escreve e dialoga em mim. Há um poeta que busca e prestigia um certo modo de ser, um certo modo de estar, uma incessante busca de conhecimento e um otimismo edênico que o leva a se plantar entre as coisas mais simples, primitivas e originais do mundo! Sou um escritor que vivo da observação do acontecer natural e social. Mas sou sobretudo um escritor e um poeta que funda seu "fazer literário" no ser que eu sou e no ser que me anima. Modelo? Exemplar? Arquétipo? Quem me dirige? Não sei. Como diria Ortega y Gasset, em tese famosa, sei que sou essencialmente "eu e minha circunstância" ("Yo soy yo y mi circunstancia")!!!Esta luz de consciência parece que tenho. Minha família inteira está na alma e é esta: eu e minha circunstância. Isto poderia ser um arquétipo?
João

25 de setembro de 2007

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