GRANADA?
A cozinha espanhola é rica e variada, mas um tanto oleosa para meu gosto. Quando por lá estive,eu preferia ficar nos tapas e bocadilhos, enquanto meu marido se deliciava com pratos mais pesados e frutos do mar. Ele não se conformava em ver-me perdendo ocasiões de experimentar novas iguarias e insistia para que me aventurasse.Acabei cedendo e, em Granada, arrisquei um “gaspacho andaluz”.
Não imaginava que se tratasse de sopa fria, muito menos que de sua composição constassem pepinos. Pensava que fosse apenas uma tradicional sopa de tomates. E como havia pedido, tomei-a, meio a contragosto.
Isso foi na hora do almoço. Depois, demos um passeio pelas montanhas que rodeiam a cidade, durante o qual eu nem sonhava que a sopa estivesse fazendo estragos em minhas entranhas.
Só fui dar-me conta de madrugada, ao ser despertada por fortes cólicas. Passei o resto da noite gemendo e chorando, andando da cama para o banheiro, do banheiro para a cama...
O tal gaspacho andaluz tirou-me, naquele dia, o prazer que eu tinha tido ao visitar o palácio do Alhambra.Por muito tempo não podia ouvir falar em Granada, sem lembrar-me da granada lá estourada dentro de mim.
Beatriz Cruz
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