O SUSTO
O susto era uma brincadeira que nós inventamos, um pouco diferente do simples esconde-esconde. Uma criança ficava parada de olhos fechados, enquanto as outras se escondiam em volta da casa. Dado o sinal, ela saía. É claro que sabíamos perfeitamente onde ficavam os esconderijos, mas nos divertíamos assim mesmo.
Havia um lugar, porém, em que ninguém podia se esconder, no corredor junto à casa do vizinho. Ali andávamos despreocupados. Pois foi bem nesse trecho que levei o maior susto da história.
Ia eu saltitante e cantarolante quando um jorro de água fria caiu bem na minha cabeça! Não só levei um enorme susto, como fiquei ensopada.
Louca da vida, me pus a chorar convulsivamente. Assim não vale, assim não vale, fui gritando e correndo até encontrar mamãe que estava na sala com uma senhora que eu não conhecia. Mas o olhar de minha mãe eu conhecia muito bem e, naquele momento, dele saíam faíscas. Tive que fazer meia-volta e deixar as reclamações para depois.
O pior de tudo foi agüentar a cara de felicidade do Paulo, que além de me deixar naquele estado, ainda se vangloriava de não ter levado bronca. Quem sabe dona Laura não se esqueceria mais tarde?...
|