Faz tempo que não freqüento escolas militares. A última vez em que pisei numa foi para desfilar entre os universitários que haviam passado pelo Colégio Militar de Curitiba em 1979.
Como eu detestava aquele negócio de farda, tive o prazer de desfilar com mais alguns amigos em trajes civis, naquela época de cabelo comprido(o tempo derrubou, acreditem) e calça jeans, num pálido desafio aos olhares de alguns colegas, fardados com trajes de academias militares.
A única coisa boa naquele colégio era o sistema de ensino, que por utilizar normas tradicionais, exigia tanto dos alunos que não sobrava muito tempo para outras coisas. O lado bom era a assimilação. O ruim é que vi parte de minha adolescência passar ao lado, já que o sistema de ensino cobrava horas e mais horas de estudo.
Passou o tempo, pouca gente usava aquele sistema na faculdade e percebo com tristeza que os alunos modernos gostam de professores tradicionais. Mudei meus procedimentos em sala de aula – frustração – em função dos resultados que obtinha sendo liberal.
Comecei a questionar se a sociedade brasileira está regredindo mentalmente e pedindo regimes de força novamente. Seria uma grande estupidez. Quem viveu a agonia entre os períodos de 1964 e 1989, quando foi eleito Collor sob o efeito de uma neblina política, sabe a importância da liberdade e do senso próprio de responsabilidade.
Ao começar o processo de análise fiquei em cheque, mas verificando com outros professores descobri que nas universidades há uma tendência dos alunos buscarem modelos castradores para oferecerem respostas, como os positivistas do colégio militar, além de estabelecimentos de tendências religiosas.
Não consigo ver a lógica da dominação, da recompensa após a punição. Até mesmo os anarquistas sabem que a responsabilidade individual é melhor do que qualquer repressão de esquerda ou direita.
A sociedade é muito esquisita. Enquanto os norte-americanos do Vale do Silício tentam eliminar as barreiras que limitam a criatividade dos funcionários para que eles trabalhem potencialmente o ócio criativo boa parte dos estudantes brasileiros busca o ócio ocioso como forma de expressar sua ociosidade, mas respondem com prazer atitudes positivistas. Já dizia Chopin em seu leito de morte: assim deve ser?