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Artigos-->A injustificada canonização de Allende -- 18/09/2003 - 15:02 (Don Pixote de la Pança) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"A INJUSTIFICADA CANONIZAÇÃO DE ALLENDE



Lorenzo Bernaldo de Quirós (*)

Tradução de Claudio Andrés Téllez (**)



fonte:

http://www.elcato.org/quiros_allende.htm



A comemoração do trigésimo aniversário do golpe de Estado contra Salvador Allende no dia 11 de setembro tem desencadeado uma onda de comentários e de análises nos quais a figura do presidente derrocado é canonizada e ele é transformado numa espécie de mártir da democracia. Sem dúvida, a longa ditadura instaurada pelo general Pinochet e a repressão brutal à qual deu lugar merecem uma condenação unânime. Entretanto, a história do fim do governo da Unidade Popular é bem diferente da refletida por uma boa parte dos meios de comunicação nestes dias e muito diferente de como foi contemplada no seu momento. Como expressava The Economist em seu editorial do dia 13 de setembro de 1973: "A morte transitória da democracia no Chile será lamentável, mas a responsabilidade direta pertence claramente ao Dr. Allende e àqueles de seus seguidores que atropelaram a Constituição".



A tragédia chilena não foi o produto da eventualidade e nem das tentativas

das "forças reacionárias" de acabar com um pacífico processo de mudanças,

mas sim o efeito direto do projeto ideológico desenhado pelo Partido

Socialista do Chile. Nos seus congressos de Linares (julho de 1965) e de

Chillán (novembro de 1967), o PSCH definia-se como marxista-leninista e

proclamava a legitimidade do uso da força como meio para alcançar e/ou

manter o poder. No Congresso de Chillán, a resolução adotada de forma

unânime pelos compromissários dizia que "a violência revolucionária é

inevitável e legítima... Constitui a única via que conduz à tomada do poder

político e econômico, e à sua ulterior defesa e fortalecimento. Somente

destruindo o aparato democrático-militar do Estado burguês pode

consolidar-se a revolução socialista". Obviamente, os membros restantes da

coalizão allendista, como o MIR e o Partido Comunista, compartilhavam dessa

opinião (ver Julio Cesar Jobet, La Historia del Partido Socialista de

Chile, Documentas, 1987).



Em meados de 1973, o exercício antidemocrático do poder por parte de

Allende e de seus ministros o tinha levado a um choque institucional aberto

com os poderes Legislativo e Judiciário. No dia 23 de agosto desse ano, a

Câmara de Deputados, por uma maioria de dois terços, e no dia 26 de maio a

Corte Suprema, denunciaram a violação dos direitos constitucionais e da

legalidade, praticadas pelo governo. Num discurso pronunciado poucos dias

depois, o Presidente respondeu: "Num período de revolução, o poder político

tem o direito de decidir em último recurso se as decisões judiciais

correspondem ou não às altas metas e necessidades históricas de

transformação da sociedade, que devem ter absoluta precedência sobre

qualquer outra consideração. Em conseqüência, o Executivo tem o direito de

decidir se acata ou não as decisões da Justiça". Essa declaração é

consistente com a formulada pelo Ministro da Justiça no dia 1 de julho de

1972: "A revolução se manterá dentro do direito enquanto o direito não

pretenda frear a revolução". Essa foi a base moral e política do

levantamento contra o governo da Unidade Popular.



Na sua carta ao Presidente da Democracia Cristã Internacional, no dia 8 de

novembro de 1973, Eduardo Frei sintetizou a conjuntura chilena que

desencadeou o golpe de Estado, nos seguintes termos: "Tentaram impor de

forma implacável um modelo de sociedade claramente inspirado no

marxismo-leninismo. Para consegui-lo, aplicaram as leis tortuosamente ou as

atropelaram abertamente, desconhecendo os Tribunais de Justiça... Nesta

tentativa de dominação, chegaram a propor a substituição do Congresso por

uma Assembléia Popular e a criação de Tribunais Populares, alguns dos quais

chegaram a funcionar, como foi denunciado publicamente". Dessa maneira, o

ex-Presidente Frei, cujo partido tinha apoiado a eleição presidencial de

Allende, manifestava as causas determinantes da crise.



A queda de Allende supôs um retrocesso para as aspirações soviéticas de

infiltrar e desestabilizar o continente ibero-americano, estratégia

assumida pelo Partido Socialista no seu Congresso de Linares, no qual se

advogava por "promover um processo de enlace e coordenação e integração de

todos os movimentos revolucionários da América Latina". Ao longo de seus

três anos no governo, a Unidade Popular tinha transformado o Chile num

satélite cubano e dava passos decisivos para transformar o país num Estado

comunista a partir de uma base eleitoral de 32.6% dos votos e com minoria

no Parlamento. Como foi declarado à imprensa pelo futuro presidente do

Chile democrático, Patricio Alwyn: "A verdade é que a ação das Forças

Armadas e do Corpo de Carabineiros não veio a ser senão uma medida

preventiva que se antecipou a um autogolpe de Estado, que com a ajuda das

milícias armadas com enorme poder militar de que dispunha o governo e com a

colaboração de não menos de dez mil estrangeiros que estavam neste país,

pretendiam ou teriam consumado uma ditadura comunista" (La Prensa, 19 de

outubro de 1973).



Tudo isto sem contar com o abismo socioeconômico ao qual o Chile foi levado

por Allende. A inflação estava em torno dos 350% antes do golpe de Estado.

As expropriações sem compensação e a péssima gestão macroeconômica, entre

outros, traduziram-se na quebra de milhares de pequenas e médias empresas.

Uma onda de greves sacudiu o país diante da inaptidão do governo e a

pobreza alcançou limites desconhecidos no Chile. Com o seu programa

marxista em marcha, a Unidade Popular destruiu a economia chilena e situou

o país na borda do precipício. Apesar de tudo, essa não foi a causa central

e nem principal da assuada cívico-militar.



A intervenção militar foi o resultado de uma rebelião civil e parlamentária

diante da deriva do regime da Unidade Popular em direção ao totalitarismo.

Allende tinha uma legitimidade de origem limitada, que destruiu mediante um

exercício inconstitucional do poder. O resultado foi a entronização de um

longo, injustificável e doloroso período de autoritarismo militar com uma

legião de cidadãos exilados, presos e torturados. Entretanto, Salvador

Allende carece de títulos para figurar no santoral ou no martirológio da

democracia chilena, como pretendem alguns, porque liderou um projeto cujo

final teria conduzido de maneira inexorável à destruição do sistema

democrático no Chile. A sua morte trágica merece compaixão pelo homem, mas

acima de tudo pelo país que o seu sectarismo afundou na negra noite da

ditadura; nunca mais um Allende e nem um Pinochet."





(*) Lorenzo Bernaldo de Quirós é presidente do Freemarket International

Consulting em Madrid, Espanha, e acadêmico associado do Cato Institute.



(**) Claudio A. Tellez - claudio@tellez.com

http://www.claudioandrestellez.blogger.com.br





"Moral excellence comes about as a result of habit. We become just by doing just acts, temperate by doing temperate acts, brave by doing brave acts" (Aristotle).









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