Diversas foram as tentativas de exterminar o povo judeu. Não se pode negar que a continuidade da religião judaica é a prova viva de sua força.
Ser judeu, atualmente, é saber unir tudo o que se aprendeu com os antepassados e somar a isto as experiências vivenciadas, como se fossem peças de um grande quebra-cabeças a ser construído. É saber agradecer diariamente pelos milagres, pela redenção, pelos heroísmos, pelos salvamentos, pelas maravilhas, pelas consolações e por todas as vitórias do dia-a-dia.
A modernidade tem vivido o discurso da globalização: quase instantaneamente pode-se saber o que se passa em qualquer lugar do mundo. Pode-se ter conhecimento das mais diferentes culturas. Os judeus nem sempre andam mais juntos, em comunidades. As muralhas dos antigos guetos se esvaíram feito pó, o que dificulta que os jovens, ao longo de suas vidas, mantenham firmes as peças de seus quebra-cabeças de identidade judaica, antes que se espalhem ou que se percam peças.
Como observadores distantes da história, poderíamos simplesmente a esta desprezar, visto que estamos incólumes às atrocidades que já ocorreram e alienar-se ao momento atual, já que o mundo globalizado favorece o contato e a assimilação com culturas diferentes e o esquecimento da própria. No entanto, fechar os olhos para o que ocorreu e ignorar a própria origem não são soluções para aquietar a alma. Uma religião de pouca abordagem está fadada ao esquecimento. Mantê-la nítida na memória de cada geração é só mais um pedaço do quebra-cabeças que precisa se solidificar.
Ser jovem e judeu é ter que aprender a manter o olhar para períodos diferentes ao mesmo tempo. É olhar para o passado, adentrar na história, na nossa história, e ver a grandeza dos nossos profetas e sábios, como foram sublimes e submissos ao povo e se perpetuaram como exemplos de fibra, determinação e garra. Ao mesmo tempo, olhar o futuro, com sede de conhecimento, vontade de decifrar enigmas, curiosidades, ter o poder de discernir o certo do errado é necessário para nunca se perder pelo caminho. Os princípios que nos foram passados devem nos servir de alento para enfrentar o futuro e conseguir um mundo mais compreensivo, justo e humano.
A facilidade de aprendizagem do jovem é mais um alicerce para que seja possível entender toda a mística da tradição e fatos marcantes tão duros e cruéis do martírio do povo judeu e o porquê da necessidade do povo querer tanto uma pátria. A proposta de fixar o povo judeu na Terra de origem, com a criação do Estado de Israel, somente foi possível graças à ideologia dos jovens de outrora, que não relutaram em abandonar a vida tranqüila de casa e família para lutar. Hoje Israel é uma realidade. Essa densa vontade de batalhar pelo que se almeja não pode ser aniquilada. Do contrário, a identidade judaica perder-se-á numa jornada sem fim, até que desapareça por completo. O quebra-cabeças, às vezes, fica por demais complicado...
As tradições parecem, não raras vezes, longínquas e sem tudo demonstrar fazer sentido. Algumas peças precisam de reforço extra para se manter coladas: “você”, “eu”, “nós”, “família”, “amizade”, “amor”, “união”, “luta”, “trabalho”, “perseverança”... É preciso dar amor, oferecer carinho, seguir bons exemplos, mesmo em momentos difíceis. Cabeça erguida sempre, independentemente do problema.
É, o quebra-cabeças da identidade está se completando... Tudo tem seu sentido... As palavras para conservar a identidade judaica se encaixam uma a uma e o seu conjunto é a Vida. Somente a consciência de si próprio fará com que o judaísmo não se dilua dentro de cada um. Mesmo que se passe por vários percalços, tentando unir as peças nos seus respectivos lugares, manter-se com atitudes seguras, enfrentando tudo com coragem, ajudará a cada um prosseguir na jornada interior em direção às novas conquistas sem esquecer-se, para isso, dos princípios que foram passados.
Sendo as tentativas de exterminar o povo judeu não insignificantes, é tarde para remover essa pedra no caminho da história da humanidade. Esse inconformismo gigantesco sobre os motivos dessas tentativas não é inútil, serve para impulsionar-nos a uma luta árdua contra os que permanecem com a vontade de nos destruir. Esse desejo latente de manter acesa a identidade é nossa maior arma, porque com o poder de nos expressar – não só em altas vozes, mas com grandes feitos – poderemos fazer com que todo o investimento pela identidade judaica palpitante nos corações dos jovens da modernidade não tenha sido jamais em vão...
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