Muitas são as explicações dos agentes políticos acerca da governabilidade e compromissos outrora assumidos. Alguns conseguem explicar até o inexplicável.
E a gente vai se acostumando... a política é assim mesmo. Conchavos, bastidores, acordos e estamos diante do inusitado.
No leque de opções que havia e a conjuntura daquela época exigia, o PT julgou que a coligação com o PL encurtaria o caminho para chegar ao poder político no país.
Correta ou não, essa estratégia obteve sucesso. E Lula é o presidente.
E o campo de alianças aumentou logo após a eleição com as adesões do PPS, do PSB e do PTB, que compuseram o governo e obtiveram ministérios e cargos. Mais recentemente essa bancada governista tende a tomar mais volume com a adesão do, sempre governo, PMDB. Dizem eles, que colocarão sua experiência a disposição de Lula (sic).
Nesse emaranhado político, no Rio Grade do Sul houve uma reunião histórica. Numa mesa sentaram antigos desafetos para uma conversa de mais de duas horas: PT e PPS. Impensável há dois anos. Uma heresia ideológica. Guardadas as proporções e os entraves religiosos, seria como Bush e Bin Laden sentados numa varanda cômoda e tranqüilamente, em cadeiras de balanço, contemplando as paragens texanas. Hipocrisia e cara-de-pau de ambos os lados.
O PPS é representado basicamente pelos dissidentes de PMDB que acompanharam Antonio Britto quando este aderiu ao Partido Popular Socialista. Britto tornou-se um socialista da noite para o dia. Convém afirmar que os atuais representantes do PPS no RS são os políticos que fizeram a oposição mais pesada e intrincada ao governo Olívio Dutra. O tratamento mais raivoso e mesquinho foi a tônica da oposição nos quatro anos do governo do PT no Estado.
Mas as agressões, contumazes, eram de parte a parte.
É claro que o cardápio para um encontro entre o PT e PPS guascas teria que ser sopa. Como salientou um chargista: seria temeroso colocar facas na mesa.
Afinal de contas, as revoluções e peleias no Rio Grande eram marcadas por degolas. E no calor da semana farroupilha a índole guerreira, chimanga ou maragata, poderia ser despertada. Então, sopa neles.
E como explicamos essa aproximação?
Como todos sabemos, na polarização Tarso x Britto o vencedor foi Germano Rigotto o autodenominado “pacificador”.
Será que estamos diante de mais um pragmatismo pré-eleitoral?
Ou vamos dizer que há um clima novo no Brasil e em nome dessa governabilidade e do projeto de Lula, estende-se essa convivência espinhosa aos demais estados da nação.
Nós, que estamos no andar de baixo dessa engenharia política temos o “jus esperneanti” e expressamos nossas opiniões.
Não sou a mosca da sopa e nesse caldo ideologicamente pornográfico não meto minha colher. Dessa sopa eu não bebo.
Essa cardiopatia política não faz o meu perfil e nem meu gênero embora seja disciplinado e acate as decisões das instâncias partidárias.
Tenho a pretensão de afirmar que o PT não é mais o mesmo de há dois anos e não será o mesmo daqui a dois anos. Resta-nos conduzirmos esse partido para que continue sendo a esperança de uma vida melhor.
Petista que se preze não faz da política um balcão de negócios para despachar a hipocrisia e maledicências dos incompetentes e gananciosos. Claro que temos ciência que valorosos cidadãos e cidadãs estão em todos os partidos. E são esses valores que temos que preservar.
Continuo acreditando na transformação social do Brasil, embora o horizonte esteja nos apresentado os mesmos sóis de antes.
Athos Ronaldo Miralha da Cunha Caros amigos, abaixo a crônica que venceu o XXVI Concurso Literário Felipe D’Oliveira de Santa Maria. Um pouco de ludicidade nessa encrespada discussão política.
Um clarão embaixo do viaduto