Usina de Letras
Usina de Letras
156 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62230 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3238)

Ensaios - (10365)

Erótico (13570)

Frases (50626)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Reflexões -- 10/10/2001 - 01:29 (Insantíssima Trindade) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
I: Eis

Apaixonei-me. Novamente. Estou farto disso! Farto de me apaixonar. Farto de criaturas acariciarem e apunhalarem meu coração. Farto de amores deveras medíocres! Mas digo-lhes: se em cada noite, eu fosse capaz de relatar um descaso diferente, com uma mulher diferente; então poderíamos mudar o nome desse “livro”. e esse nome seria Mil e Uma Noites. Mas creio que já existe um livro com esse nome.
Entretanto, não é injusto dizer que essas mulheres (aquelas que acariciam e apunhalam meu coração) não têm razão, sendo assim, pois, até mesmo eu por mim não me apaixonaria. É sabido que nem Deus nutre amor por mim, nem meus pais. E nem mesmo o chão seria capaz. Sim! esse chão que abraça vermes e beija pestes!
E tu? Você deve estar se perguntando: hei, por que esse título? não deveria ser Memórias Póstumas de...?! Ah, acho que me esqueci de me apresentar: foi me dado o nome de Heu (nome de um cachorro de um seriado famoso em tempos idos [uma pequena {e significante} coincidência]), mas se quiser, chame-me de Hexcremento. Talvez esse último se aplique melhor a minha situação. E voltando à pergunta: por que não Memórias Póstumas de Heu? Por dois motivos. Um: eu não estou morto, apesar de me aparentar. E dois: não sou um deus que caminha entre os homens, escrevendo dons e milagres; sou apenas um mero coadjuvante metido a escritor de final de semana.
Eis os dois motivos. Eis.

II: Eis, novamente

Hesitei-me em colocar, nesse capítulo, o nome de Sem Título, mas Eis, Novamente caiu-lhe muito bem; talvez prum próximo capítulo darei esse nome que me passou pela cabeça.
Aonde quero chegar com isso? À lugar nenhum, quero enrolar-te: não tenho tema, não tenho idéia, não tenho inspiração; estou fadado ao erro, como tudo que faço. Até mesmo essa “obra” não sei se tu estás a lê-la. Mas toma-ta, oxalá gostes. Eis, novamente, um capítulo. Diverte-te, se ainda aí estiveres. Ouviste?
(Mas que cretino! Por que lês este lixo em forma de texto?)




III: Uma estória alegre (para aqueles que adoram “romances de banca”)

Era uma vez um nobre cavaleiro, de alta estirpe; de voz capaz de estilhaçar o mor inexorável dos alicerces. Ah, que bela voz! E ele era imponente como uma sequóia e forte com touro. Virtuoso como um pobre soldado de Jesus Cristo (ou como diria um conhecido, ”Gezuis Cristis”), puro como o ouro, amável como um bebê de semblante rosado, ingênuo como uma bela donzela, alegre como uma hiena e burro como aquele desgraçado que tenho vontade de socar.
Eis (que palavra sonora!) nosso herói. Digno de contos imortais e músicas eternas. Mas o que poucos sabem é que Sir Conrad de Braveshire, da casa dos Perovíngeos (o herói), fora castrado na infância, pois seu pai adorava música e queria um cantor castrati na família...
Mas com o tempo revelou-se no menino (no momento com 10 anos) uma vocação para as armas, uma vocação descomunal. Quem diria que aquela menina, digo aquele menino, seria capaz de salvar o pai do terrível monstro Ashnorg, e colher os pomos do jardim do terrível Mardol, e alegrar o tão indiferente guardião dos mortos Reqwz?
Apaixonou-se, um dia, o rapazola (com 23 anos) por uma princesa. Ah! Que princesa! Rouxinóis chilreavam freneticamente ao verem-na; borboletas bailavam no ar, como uma tempestade; cães uivavam, mesmo sem lua... Mas ela sabia do problema de nosso casto herói, e por ele, ela não se apaixonou (como era esperado).
E essa princesa fora raptada pelo tão e mui poderoso dragão negro Draguito, mas o nosso erói (não merece portar o H, pois nem homem ele é...) a resgatara e, como recompensa, ela viveria com ele para todo o sempre (felizes, é claro!).
Dizem que se casaram, e “milagrosa e misteriosamente” ambos tiveram vários filhos; mas isso não posso lhes dizer, porque não estive lá.
Aqui termina mais um capítulo, o próximo (espero) será mais sério e melancólico e triste e fúnebre e... e... e...

IV: Apresentando-te o antagonista

Bem, dedico esse capítulo a mim. É de inevitável necessidade apresentar-me. Mas donde começar? Ah, sim! tenho o coração de dezesseis primaveras, o corpo de dezoito verões, a mente de cinqüenta outonos e a alma de oitenta invernos.
Sim, pois cansado estou, e cansado está o destino. Talvez não cansado, mas caduco, velho, prisco. Posso sentir seus rabugentos sussurros, e ver com seus cegos olhos, e escutar com seus surdos ouvidos. Talvez ele muito se aparente comigo...
Mas paremos com essa pseudofilosofação! Confesso que frustrado estou, já não tenho mais a alma viril de outrora, nem inspirações. Cantai, ó musas, eu suplico! Quem vos mataste? Fui eu? Não me lembro! Fora o leitor? Não posso dizer!
Acho que tudo já vi no mundo. Ainda que nem meio ano completei desse curso superior: chamam-no de Letras. Creio que é realmente esse o nome, mas fico-lhe devendo essa. Hum... admiro esse curso, todavia, não me serve, não me alegra, não me traz inspiração. Nada mais me traz... nem mesmo minha nova senhora: “Ai de mim”.

V: Ai de mim

Espero que tenha recordado das últimas minhas palavras. Estava eu a voltar ao meu apartamento. Bem, moro no sétimo andar dum antigo prédio, não me lembro o nome do bairro... Não insista! Não me lembro, mas digo que fica em São Paulo (repare, leitor, que é justamente a cidade onde curso). Então, estava eu a andar. Entrei no elevador, desses que cabem cinco pessoas, e olhei, fitei, e admirei uma menina.
Não lhes direi que era uma beldade, pois não sou romântico, nem que era me fez ter orgulho de ser homem, pois não sou realista. Mas lhes direi que ela era ela.
Primeiro andar: quietude. Segundo andar: sufocante. Terceiro andar: chega!
- Mora aqui, perguntei-lhe. (É óbvio, idiota!)
- Sim, no sexto andar e você?
- (Maravilha!) No sétimo. Qual o seu nome, se me permite perguntar?
Hera! Rainha do Olimpo, assim sendo, oxalá meu nome seja Zeus! Talvez
ela goste da cultura dos helenos de antiga e, talvez, ela se interesse por minhas peças e... minhas poesias!! Quarto andar.
- E o seu?
- Chamo-me Heu. (Mas pode me chamar de Excremento...)
- Heu!? Hehe! Aquele cachorro do antigo seriado? (Quinto andar.)
- Sim, o mesmo! Diga-me, Hera...
- Hela!, cortou-me - impiedosamente- a menina, meu nome é Hela!
Feliz, idiota? Olha o que lhe ocorreu! Como pode errar o nome da menina... Esse erro é intolerável.
-Diga-me, Hela...- Mas não veio a minha boca. Sexto andar-... chegamos! (maldição!)
- Adeus, disse-me friamente ela. Fechou-me na cara, o elevador.
- Adeus...
Abri a porta de meu apartamento, entrei, fechei logo em seguida. Fui beber água, estava com sede; dei ríspidos goles, como se aquela fosse a última água do mundo e joguei o copo na parede. Crec! Estava tresloucado, corri, entrei em meu confortável quarto e desatinei a chorar... chorei por uma hora, chorei por duas horas: não sei! Mas chorei! Chorei como um covarde, como um monstro em que se cospe na cara; era dessa forma patética que me encontrava. Dormi. Era crepúsculo. Mais um ano de idade havia se acrescentado em minh’alma.

VI: Onírico e momentâneo

Dormi inquieto. Sonhei. Não me lembro do sonho, mas também foi inquieto. Acho que eu estava caindo. Não me lembro. O leitor acha que sou louco? Um mentecapto? Digo-lhe: não o sou! Nada sabe a meu respeito! Nada sabe sobre o meu passado! Minhas angústias! Afirmo-lhe: sou são, deveras lúcido; isso sim, sou! Se você se apaixonasse como eu me apaixono; se você sentisse uma pontada, como sinto, já lhe teria dado um tiro na cabeça, decerto! Não ria! Não me desconcentre! Estou tentando escrever um texto, mas minha parca essência já me não vale nada. Conquanto descanso na minha doce cama, cansado-me. Um cansaço onírico e momentâneo.
Como essa Hela é um anjo... E essa não será a última vez que direi isso! Ria, leitor. Ria, leitor! Não posso mudar sua expressão no rosto, mas, quero que vá pro inferno, você e seu riso. Não estou louco!

VII: Nobilíssimo amigo

Acordei. Era noite. Meu amigo estava a meu lado. Foi ele que me acordou:
- O que houve? Fui à cozinha e um copo estava quebrado no chão, entro em seu quarto e vejo-o com um rosto mórbido...
- Apaixonei-me. Novamente. Estou farto disso! Farto de me apaixonar. Farto de criaturas acariciarem e apunhalarem meu coração. Farto de amores deveras medíocres!
Sorriu-me com um sorriso ríspido e frívolo que muito inquietou meu espírito. Um sorriso que nunca esquecerei. Essa foi sua resposta.
Silêncio. Enxuguei a última lágrima seca. Perguntei o que queria e ele me sorriu. Juro que tive vontade de socar-lhe, mas não o soquei. Não degradarei minha moral como muito já fiz.
- Você já se apaixonou? Respondeu-me com um não facial.
- Quem é ela?, retrucou.
Mas que irônico: - Ela... seu nome é Hela. Meu amigo estranhou o nome (com razão).
Virou-se e refletiu idéias. – Já lhe é comum... Como se apaixonou novamente? Como aconteceu?
Por que ele é tão cruel e ao mesmo tempo tão nobre? Sabe que não sei, e persiste, persiste, e persiste desde o dia em que nos conhecemos...

VIII: Infância

O primeiro dia de aula. Olhos hostis. Não conhecia ninguém, e todos tinham minha idade. Todos se conheciam, menos eu. Já me era comum a solidão. E eu só tinha quatro anos. Sentou-se em meu lado um garoto de sorriso traquino e olhos tristes:
- Oi! Tudo bom?
- Tudu.
- Como se chama?
- Heu...
- Hihihi! Menino-cachorro!
Mas por que isso permaneceu em minha alma? Menino-cachorro?! Menino-animal?! Menino-besta!? Não!, Homúnculo-verme, isso, sim, eu sou!
- E ocê? Perguntei-lhe
- Sou Hício, o soberbo!
- Sorveti? Cê é o mininu-sorveti?
Chamejou, por míseros instantes, seus olhos negros:
- Não! Esqueça...
Ficamos nisso. Hício era pomposo e grandiloqüente. Mas eu era o único que notava isso. Ele sempre estava sentado no canto da sala e nunca fazia as provas, apesar de sempre ser aprovado. Também não fazia as lições e nunca sofrera uma advertência. Apenas se divertia, e estava sempre a me provocar, e a me fazer rir, e a escrever. Sim! Escrever. Mas não me pergunte o quê, nem eu sei. Descobri que éramos praticamente vizinhos. E eu era seu único amigo e, ele, o meu único. Não conversava com ninguém, apenas comigo. E eu vivia na casa dele. Comia do pão dele. Dormia da cama dele. Era da família dele. E ele me ensinou a escrever. Também mais tarde viria a me ensinar muitas outras coisas. Assim como arruinar meus devaneios pueris e, apesar de viver mais de 14 anos a seu lado nada ensinei, nada nadissimamente. Sentia-me com um eterno parasita: a sugar, a sugar, a sugar.

IX: Crudelíssimo amigo

Hício queria saber acerca de meu novo tuntuntum passional. Estava impaciente. Muito. Não tirava os olhos de cima de mim, queria ler minh’alma e tudo o que havia nela. Todavia, fracassou, ao menos a meu visto.
- Como aconteceu? Insistiu.
- Aconteceu! Aconteceu! Pergunta-me como se não soubesse!
Tremi-o assaz. Foi deveras um choque ao soberbo de outrora. Seu inconstante rosto sofreu, novamente, um golpe; derrubando, assim, o jovial alicerce do rosto. Tencionou. Refletiu. Especulou. E respondeu:
- Não, não sei. Olha com meus angustiosos olhos além da minha mascarada face. O que vês? O que achas? Achas que já amei? Não... Quando nasci, adoeci. Era uma doença acre que muito definhou meu corpo; empalidecendo-o, dilacerando-o. Piorei e eclipsei. Roubou-me a alma, Deus. Fiquei apenas com a carcaça fria, suja e senvida. Sou incapaz de chorar até mesmo uma única gota. Sou incapaz de rir os mais prazerosos risos. Sou incapaz de matar os mais odiosos homens. Escutar a mais adorável música. Degustar do mais ébrio vinho. E amar a mais sublime das beldades. Pois esse é meu destino e ele deve ser respeitado inquestionavelmente.
Juro-lhe, ó biltre leitor, que espantei à sua fala. Era deveras assustadora. Mas, doravante, compreendi quem ele era. Revelou-me pela primeira vez sua áspera alma, que muito lembrava a minha. Assaz atro era nosso fado. Um fado que cutucava, com o esguio dedo, meu purulento coração. Isso fez com que me recordasse de cenas de meu passado ido. Cenas esquecidas pela minha fósmea memória. Cenas que vieram, incontinente, à minha frágil forma.

X: O passado e seus acontecimentos

Veio-me a mente minha primeira e grande fobia. Estava eu a andar (com cinco anos) e, subitamente, apareceu um grande cachorro, daqueles que franguejam os valentes. Tinha o dobro de meu tamanho-pequeno. Creio que veio para me morder, mas como nada posso ter certeza, não lhes direi que é verdade. Então ele saiu correndo atrás de mim. Corri, corri e corri. Meus pés eram alados e ao meu lado estava Hermes, que me deu uma “mãozinha”. Ufa! Ainda bem! Fugi, entretanto seus olhos ficaram em minha mente e seu rosnado em meu ouvido e não serei capaz de esquecê-los. Nunca! Ao menos, foi o que pensei.
Uma das cenas mais curiosas d’minh’alma foi um dia em que estava eu indo a igreja. Note, estimado leitor, que não me apegava muito à religião; ia, sim, acompanhando Hício; esse, sim, era religioso. Chegamos lá, sentamo-nos.
“Pai nosso que estais no céu” dizia o padre, enquanto isso, emanava uma dor de barriga em mim. “Santificado seja vosso nome”, tremeu-me o intestino. “O pão nosso de cada dia dareis hoje”, fulgurava meu reto. “Perdoai as nossas ofensas, assim”, grunhia minha fissura interglútea. “E não nos deixei cair em tentação mas livrai nos do mal”, fugia tresloucado do meu orifício. “Amém!”, bradamos eu, o padre e minha barriga...
Realmente é constrangedor...Sim! você não imagina o quão degradante é. Decepcionante e frustrante. Afinal é ou não é um ato sacrílego? Você, com seus muitos anos de experiência, já deve estar remoendo de dúvidas; imagine, então, eu, com meu seis anos... Foram anos de análise, anos de filosofices e nunca achei a resposta, também nunca ousei perguntar.
Cogitei em confessar. Minha primeira confissão. E o padre a minha frente. Confessar ou não confessar eis a minha grande dúvida. Confessei tudo (nada de importante), menos o tão e mui famigerado flato. Pesou-me pesarosamente na consciência. Sou realmente um pecador? Fiz algo de errado? Não foi minha culpa... Foi algo inevitável, obra do sarcástico destino. Maldito desarranjo intestinal! Maldito sistema digestivo! Não se pode fugir ao pecado, nascemos todos com ele, estamos destinados a sofrer impulsos anais, e outros, a todo instante.
Mas deixemos os peidos de lado. Vejamos algo interessante e útil ou, talvez, eu deva retomar o ato em ocorrência neste instante: na minha e na de Hício conversa. Sim! Isso realmente é mais importante e não posso ignorá-lo, doeria em minha alma.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui