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Humor-->Mãe tal qual o filho -- 20/11/2008 - 23:38 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Reencontrei, na véspera vespertina, o Emílio, ex-colega do lendário colégio Zacca (berço de diversos guerrilheiros: gente de boa índole, mas que deu com os burros n’água por nada saber de Economia. E, sem esse saber, como fazer para melhorar o mundo?).

O episódio em pauta foi registrado nos Anais da Torre do Tombo há exatos cerca de quatro anos – passados, portanto, outros 35 depois de uma última partida de pingue-pongue no outrora aprazível bairro do Leme, situado na outrora aprazível cidade onde me formei carioca, vez que puxador dos “esses”, da mesma forma que os ibéricos gauleses.

Tudo aconteceu durante a festa de aniversário de uma linda criança, quando eu e o Emílio trocamos figurinhas sobre problemas macroeconômicos – minha principal área de interesse e ignorância - e do abastecimento, especialidade dele. Abordamos, também, alternativas empresariais incríveis, abertas, sobretudo, a gente como ele, as quais porém “data venia” – ou mais -, aqui não mencionarei: primeiro, por tédio milenar; segundo, por constituírem, como é natural supor, segredos de Estado capazes de abalar Pernambuco, além de sua periferia - este país e o resto do planeta.

No mais, achei-o bem. Melhor até do que eu, que sentia frio, embora fosse antes conhecido nas praças imaginárias desta cidade - cujas más línguas garantem que o urbanista-mor, surpreendido por um surto de surto de Alzhie, esqueceu de desenhar ruas, que ruas? - e em minha própria casa, como o primeiro sujeito a exibir os calores da andropausa.

Pois então, surpreendeu-me o Emílio circulando, sem estremecimentos, em mangas de camisa. Como um tupinambá, portanto - isto é, como o cidadão honorário carioca que fora, mas já plenamente adaptado aos rigores climáticos do inverno brasiliense.

Assim, depois de ingerir muita água, um vasto copo de Coca-Cola e mais docinhos do que devia, e notando, ademais, que o recinto se esvaziava a olhos vistos, despedi-me às pressas do amigo e dispus-me a abandonar, matreiro e disfarçadamente, o recinto. Mais educado, porém, que me tornei depois que os meus cabelos, até então grisalhos, por um passe de mágica embranqueceram de sopetão, decidi, respeitoso, despedir-me de cada um dos presentes.

Quando, porém, chegou a vez da mãe do Emílio, achei-a simpática e merecedora de aplausos por ser animada o suficiente para participar de eventos que tais. Não pude então conter, dentro da minha laringe, faringe, garganta e entre vários dentes cariados - e uma, só uma, língua - uma inocente brincadeira:

- A senhora me perdoe a inversão lógica e biológica, mas, como conheci primeiro o seu filho, permita-me dizer-lhe que a senhora saiu muito parecida com ele.

Como ela pareceu apreciar a infantil abobrinha, retornando-me um amável sorriso, dei por encerrado o episódio de confraternização, que adoraria se repetisse com muito maior freqüência caso a minha agenda cheia de aposentado mo permitisse. Plenitude essa que, segundo uns, seria uma descarada mentira; segundo outros, um sintoma da minha notória incapacidade de organizar seja a minha própria vida, seja ao menos o meu diário (que os ingleses até hoje confundem com agenda).

Em minha defesa, limito-me a sacudir os ombros e digo – parodiando Friedman, aquele famoso economista filantropo de Chicago – que é impossível ao comum dos mortais agradar todas as pessoas de quem ele gostava o tempo todo, do gênero: Pinochet, Médici, Salazar “et caterva”!
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