Caro Senhor
Após enviar-lhe a carta anterior, fui dar uma conferida em seus textos.
Não o conhecia ainda.
E, "data venia" (vi que repete isso), li, com muita atenção, sua crítica ao trovador português, José Maria Machado de Araújo.
De muito mau-gosto, por sinal.
Para que o leitor desta carta não tenha de procurar, copiei abaixo a trova do referido autor que, segundo sua informação, foi premiada em concurso.
"Se a estrada em que me confino
pelo destino é traçada,
sei que não mudo o destino,
mas, posso mudar de estrada."
Em seu comentário, irônico e carniceiro, você, Geraldo Lyra,
como "mestre absoluto" no assunto, teve a petulância de corrigir a trova do autor,
que ficou, deploravelmente, assim:
"Se a estrada em que me confino
pelo destino é traçada,
sei que não mudo o destino,
nem posso mudar de estrada."
Foi "deplorável", meu caro. Infelizmente, não acho outro termo para esse seu procedimento.
Eis uma "pequena aulinha" de interpretação:
Quando o exímio trovador, José Maria, diz:
"SEI QUE NÃO MUDO O DESTINO,
MAS POSSO MUDAR DE ESTRADA",
Ele entra no universo semântico,
totalmente lógico, sim!
E nem é necessário ser muito letrado ou literato,
para analisar que o eu-lírico ao mudar de estrada, automaticamente, mudaria, também, o seu destino, para "um novo destino".
É uma lástima que alguns se comprazem em viver buscando "retalhos" em colchas de seda.
Gostaria que nosso "contato" fosse, deveras, diferente.
"Hic labor est"
Milene Arder |