Soneto para NY
Coitado do avião que não queria
Beijar a grande vidraça no ar.
Mas quem parou, para ouvir neste dia,
A lamentosa turbina a chorar?
A chorar pelas torres de concreto,
Pela fumaça, a nuvem de pó.
Pela estátua da dama que, só,
Sente a ameaça e a angústia por perto.
Mas ao morrer, o avião pensou
Naqueles que aquela torre esmagou,
Tornou escravos e matou de fome.
E viu que, mais do que guerra de raça,
Nenhuma guerra causa mais desgraça,
Do que o dinheiro vindo antes do homem.
Rogério Penna
set./01 |