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Humor-->Testículos e estrelas -- 23/11/2008 - 10:04 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Andei pelo colégio Zaccaria até o começo do segundo científico, onde aprendi muita coisa, inclusive e principalmente o que não devia. Até que descobri, escondido na estante de papai, livros do Krishnamurti - pensador indiano que me converteu ao ateísmo militante.

No primeiro domingo de cada mês, era então compulsório o comparecimento à missa na igreja da escola e comungar. Não sem antes confessar todos os terríveis pecadilhos cometidos no mês findo, deles se arrepender amargamente e pagar penitência leonina, sem direito a interpor recurso. Interpretação óbvia (para mim): o pecado era necessário! Ou, dando uma tirada mais filosófico-metafísica: o homem é MAU desde criancinha.

A esse ritual de mau gosto, seguia-se um café da manhã com dois destaques: nata boiando no leite com café – que nojo! - e o ansiado sanduíche de pão francês com goiabada ou marmelada. Devidamente alimentados, estávamos, então, liberados para passar o resto da manhã jogando futebol. Quem não participava, era automaticamente rotulado de maricas, para dizer o menos.

Numa dessas ocasiões me machuquei feio e vi, pela primeira vez, alvas estrelas à luz do dia. Havia uma meia dúzia de árvores (seriam mangueiras?) dispersas, aleatoriamente, pelo campo de futebol e, então, numa das minhas primeiras demonstrações inequívocas de distração búdica ou contaminação pela debilidade mental do arquiteto que mandou plantar essas árvores, fui de encontro a uma delas enquanto corria atrás da redonda.

Minha sensação era de que o meu queixo entortara. Desta vez, supervisionado pelo meu irmão, voltei para casa de bonde e, não, a pé, como fazíamos de costume para economizar uns trocados. Papai levou-me, depois, a um médico ortopedista, que não constatou fratura. À falta de um achado orgânico, deve ter concluído que o meu problema era algum trauma psicológico quando em idade fetal e me recomendado uns cinco anos de psicoterapia intensiva! Acontecia e acontece até hoje nas melhores famílias. Falta de matemática, acredito!

Minha segunda experiência do gênero foi durante uma aula de judô – já como aluno do curso clássico do Liceu Franco-Brasileiro. Eu, faixa branca lutando com um faixa verde bem mais pesado. Aí, ele teve a delicadeza de agarrar-me, girar-me como se eu fosse feito de vento e, com o impulso cinético (isto é, derivado do movimento), desabar com um dos seus joelhos sobre os pobres dos meus pré-adolescentes testículos.

A dor deve ter sido tão arrasadora que se auto-anestesiou, pois não me lembro mais do seu sabor – apenas de um maravilhoso firmamento, que, sendo gaulês, temi que desabasse sobre o tampo da minha cabecinha. Por que? Porque noto, como se fosse hoje, que uma das estrelas era perigosamente cadente. Nesse transe, tomei, sem pestanejar, a segunda decisão mais importante da minha vida: judô, nunca mais! Antes a ditadura, que já se aproximava!

Nem por isso, encerrei aí a minha carreira marcial. Pouco tempo depois, fui aceito, por equívoco, para uma turma de capoeira. O jogo era ótimo, mas um dos praticantes me causava náuseas – ele parecia decidido a fazer dos novatos os bodes expiatórios para os seus traumas de infância.

Como se já não me bastassem os meus! Revoltado, logo piquei a mula. E, nesse ritmo de entra e sai, acabei conhecendo e praticando um pouco de quase todas as outras artes marciais catalogadas, como o karatê – estilos sotokan, shorin-ryu e wadô-ryu –, kung-fu, kendô, sem contar o tai-chi-chuan. Mesmo assim....


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