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Humor-->Meu despertar - filosófico ou musical? -- 24/11/2008 - 16:26 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Idiosincrático e atípico, declaro, para os devidos fins, que o meu primeiro “despertar” búdico foi, de fato, o último, pois a ele se seguiu a merecida punição de uma renitente insônia, que se estende até hoje. Se conteúdo filosófico teve, era o meu sonho, francês de adoção que fui.

Relembro: na época acima referida, aconteceu por duas madrugadas que este gimnosofista se levantasse (da cama) antes que os pássaros iniciassem a sua sinfonia matinal. Nessa ocasião, eu (ou ele) aproveitava para disfarçadamente lavar o rosto com o meu-seu disco mental entoando canções infantis clássicas. Tipo:

“O anel que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou!” (essa me traz uma atroz nostalgia joyceana!);

“O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada...” (taí, um misto de realismo e romantismo!); e

“Atirei o pau no gato-tô-tô
Mas o gato-tô-tô
Não morreu-reu-reu!” (essa sempre me pareceu anti-budista).

Sim, acho bela a poesia presente nessas outonais manhãs musicais! Contaria eu com a concordância dos meus netos, alvos preferenciais – ainda que por vezes relutantes – desses desvarios sonoros, que aprendi com o Bob Jeff, no seminário que ele dirigiu na Biblioteca Demonstrativa da W-3 Sul?

Não creio que necessite de imaginativas conjecturas freudianas para interpretar essa sua intromissão no meu despertar. Simplesmente, pude me preparar para oferecer aos netos mais atenção que proporcionei aos meus filhos (sorte deles?) quando da mesma idade. Devido, consolo-me, a fatores externos como a “parada” da sobrevivência material e minhas próprias deficiências: umas, reais – inatas ou cármicas – , outras, imaginárias, sabe lá este grego aqui!

Assim, xeroquei as letras e gravei as músicas infantis da coleção da minha filha. No que, devo confessar, revelei, abertamente, toda a minha competência. Primeiro, precisei que um de meus filhos me ensinasse a efetuar a gravação em fita cassette – atividade essa que, no pretérito passado, até cheguei a dominar, mas, por falta de prática, vim a esquecer-lhe a manha ; segundo, gravei, para economizar, em fita antiga e, portanto, em cima de outras músicas. Resultado, logo, logo, metade das músicas novas se apagaram, evaporando para regiões cósmicas.

Solucionados esses pequenos percalços, passei a visitar os netos devidamente armado dessas canções. E, ao primeiro sinal de protesto existencial ou malinconia (uso aqui a expressão italiana por causa do cacoete etimológico com que o saudoso prof. Côrtes me contaminou) por parte deles, eu, sem ao menos pedir licença, soltava a voz. Para conseguir sua plena participação, colocava-os em meu colo e induzia-os a bater palminhas para marcar o ritmo. De tanto repeti-las, essas canções e cantigas entraram, como se vê, para o meu arquivo mental.

Só espero não terminar como minha mãe, que, certa vez, abriu-me a porta do seu “apertamento” carioquês, com os braços estendidos a cantar e dançar, carnavalesca como nunca fora.

- Brastel, Brastel, tudo a preço de banana!

- Mas, mamãe, o que é isso? Você está passando bem?

- Sim, claro. É que eu estava assistindo televisão e vinha sempre esse maldito comercial, que não me sai da cabeça. Ele me deixa doida!

Por isso, digo e repito: este mundo não é dos ricos, nem dos comunistas (digo, economistas), mas, sim, dos publicitários. É muito cabível ressaltar – senão eu não o faria – que o clima londrino de São Paulo apresenta uma vantagem geopolítica única. Qual seja, a de que os nazistas do futuro hão de preteri-lo em favor das ilhas Kurilas, não é verdade, Dostoiévski?

Não é por outra razão que só metade dos paulistanos, se oportunidade de emprego decente houvesse, picariam a mula e partiriam para este outro Brasil adentro (aquele em que vivo?) rumo a praias menos poluídas. Que tal experimentarem a do lago Paranoá?






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