Usina de Letras
Usina de Letras
159 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50608)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->POLíTICA E MISTÉRIO -- 12/03/2000 - 19:16 (Vera Lucia Soares da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As histórias de mistério sempre foram as minhas favoritas. Principalmente as de detetive, aquelas em que o herói não tem amigos, é cheio de manias exóticas, como cheirar coca, andar de sapatos muito bem polidos, descobrir crimes por semelhança de hábitos, ter gastos dispendiosos etc.
Tais histórias sempre me ajudaram a relaxar, quando estava tensa, além de carregarem em seus textos anos de observação sobre os seres humanos pelos seus autores. O que, concordemos, me economiza muitas vidas, pois tenho apenas uma - não tive a sorte de nascer uma gata.
Uma das coisas mais intrigantes nessas histórias é que o bom detetive ou a boa detetive sempre são muito inteligentes, embora pareçam muito comuns e até prosaicos aos olhos dos demais. Os criminosos, ao contrário, são uns tremendos exibicionistas que adoram extrapolar os limites da lei. A solução do crime é sempre um terçar armas entre o detetive e o criminoso. Uma bela e elegante luta de esgrima. Mas, afinal, o bem sempre triunfa nas histórias de detetive.
Eis que lendo o meu jornal favorito no dia 9 de fevereiro, no último ano do século 20, encontrei esta pérola, atribuída pela jornalista Mirian Guaraciaba ao político Hélio Garcia, raposa mineira e consultor informal de Fernando Henrique, como Mirian o apresenta: "Política deve ser feita à noite, de chapéu e sobretudo, num táxi em movimento".
Fiquei de cara, como dizem os mais jovens. Política e crime têm o mesmo código genético? E eu que pensava que eram coisas muito diferentes. Foi então que comecei a entender porque os políticos estão frequentando cada dia com mais frequência as páginas policiais.
Mesmo assim, fiquei esperando ler no mesmo jornal o desmentido do Hélio Garcia ou do Fernando Henrique, pensei até que iam processar a Mirian por danos morais ou os seus confessores e analistas por quebra de sigilo profissional. Mas, nada, eles admitiram que é isto mesmo, para meu espanto.
Diante disto, pensei, é melhor relaxar e aproveitar porque muitas aventuras nos aguardam. Daqui prá frente, teremos folhetins políticos em capítulos, como antigamente, em todos os jornais e TVs.
Novela 1: aquele senador está ou não está envolvido no desvio de verba do tribunal de São Paulo?
Novela 2: quem é amigo da empresa brasileira - o Malan ou o Calabi, a Ambev ou a Kaiser?
Novela 3: será que a grana que os laboratórios deram para o FHC foi de mão-beijada ou não?
Novela 4: o Tebet está ou não protegendo o senador?
Novela 5: quem matou o operário da NOVACAP?
Novela 6: aquele governador tem razão em reclamar do Correio Braziliense?
Estou muito ansiosa, como vou arranjar tempo para acompanhar tanta novela, estou me esforçando para não perder nenhum capítulo, mas todos os dias uma novela nova entra no ar. Ai, meu Deus, vou ficar desatualizada.
O chato é que nessas novelas a gente não sabe quem é o detetive e isto complica muito a história. O detetive sempre orienta o leitor na direção do criminoso, mas na política a gente fica igual aos protagonistas das histórias: coadjuvante bobo, fazendo o jogo do criminoso e se expondo ao perigo. O criminoso a gente sempre sabe quem é, ou pensa que sabe, mas é o detetive que vai nos dar a certeza; sem ele, vamos ficar igual marido traído depois que fecharam a janela. Não vamos saber nunca se houve ou não o crime.
Assim, eu apelo aos editores: peçam aos seus escritores que melhorem os scripts das novelas, pois se todos são criminosos quem vai desvendar os crimes? Se não descreverem o cenário, a personalidade do criminoso e de seus amigos, como é que a gente vai entrar no clima da história e participar da elucidação do crime? Vai ver que é por isso que a gente acaba desistindo de ler e vai comer pizza.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui