Os peixinhos viviam fugindo dos pássaros. Mal sentiam se aproximar para nadar mais rápido e desgovernadamente. Desde pequenos lhes ensinavam a escapar toda vez que a claridade diminuísse naquelas águas. A sombra da gaivota sempre foi sinal de alerta. Nenhum queria ser aquele de seu bando que sumia agarrado pelo bico da ave.
Serviam-se à vontade da imensidão lagoal. Nadavam e nadavam, sempre em bando e sem destino, porém ininterruptamente com medo. Espiados, é a palavra adequada. As tartarugas não entendiam o porque de tanta atenção, a todo o tempo. Eles nunca tinham tempo para explicar. Elas nunca entenderiam!
Mal sabiam os peixinhos que fugiam da sombra, que sua GRANDE VIAGEM se postergava. Desconheciam os fugitivos as últimas palavras dos desaparecidos:
- Obrigado, pássaro, obrigado.
Algo inacreditável acontecia àqueles apanhados pela gaivota: pela primeira e única vez os peixes voavam! Presos no bico da ave viam, a gotejar de felicidade, o mundo do alto, e só sabiam.... agradecer.