A Marcel Vieira
Nobre Poeta! O que vês?
As folhas que tenho à te entregar,
São de pedras de cantaria,
Lavradas e polidas,
Por alguém que não pôde raciocinar.
Nobre Poeta! O que vês?
Algumas boas frases tuas, se dispersam
Como a água que tentei retratar,
No fundo do quintal abandonado
Por jovens jardineiros do mal!
Nobre Poeta...
Sinto falta de tua carne,
De teus crimes pré-publicados,
De tua gestose cultural ,
Da dureza de teu tratamento amoroso...
Ó, Poeta! Por onde andarás?
Sei que por algum prazer vil,
Recostaste na cadeira
Teu dorso frágil e cansado,
Esperando algum amanhecer...
Ó, Poeta! Por onde andarás?
Esqueci de te dizer que amo,
Numa tortura íntima,
A tua presença pálida e quieta
Entre duas ou mais taças de vinho!
Ó, Poeta! Por...alguém!
Faz desse meu crime, então,
Algo belo de se cometer,
Porque não vejo outra alternativa,
Senão, de me entregar por inteiro.
Vem! As paredes se calam!
Ninguém ouvirá o choro,
“Muito atenciosamente...”
Recobradas nas cartas não escritas, nem recebidas,
De uma saudade quase que ódio.
Vem! Aparece Poeta!
Amo a expectativa da lembrança,
Mas é preciso navegar
Para não esquecer
Que viver é a melhor opção!
Ó, nobre Poeta!
Se teu espelho se quebra
Não posso navegar,
Como um corpo molemente entregue as vagas,
No vago de tuas poucas e exatas palavras.
Ó, nobre Poeta!
Não passas de um amigo
Que secretamente influe
No que me resume
Unicamente a homem.
Poeta...amigo...
Se tua face toca o chão,
Com a leveza de uma flor,
Porque deste-me a mão
No ato mais vil de sincero amor?
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