TERRITÓRIO LIVRE
Maria José Limeira
Devia haver um lugar
onde a gente se sentisse bem.
Não houvesse ninguém
que a gente não gostasse.
Um espaço com cortinas
nas janelas,
que nos enroscassem nelas
e cheirassem a flores,
mamães Dolores,
papais tremendões,
cães e gatos tomados banho,
com bons olfatos.
Devia haver um cantinho
cheio de carinho,
onde pudéssemos chorar
à vontade,
quando chegasse
saudade,
cobrindo o rosto
com as mãos,
na hora do desgosto
de viver,
Que nosso grito
fosse aceito.
Nosso amor,
satisfeito.
Um território livre,
mesmo ínfimo
e simplório,
onde fosse possível
sonhar sonho incrível.
Que quando chegasse
realidade,
felicidade
fosse multiplicada
e distribuída
irmãmente.
Por que eu continuo
na chuva,
ao relento,
toda encharcada,
batendo em porta errada?
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